quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.15

— Não... Eu sou a de ressaca que nunca bebe e resolveu exagerar ontem à noite...
Eu não conseguia ser muito alegre, minha cabeça podia cair a qualquer instante e eu tinha que segura-la. Sentei-me à mesa e abaixei a cabeça, como se esperasse a dor passar sozinha. Alguns instantes depois, ouvi os passos da garota, enquanto ela se sentava ao meu lado, tomando achocolatado. Parecia uma criança...

Levantei-me na MAIOR BOA VONTADE pra preparar meu café. (Custava oferecer ajuda? Tô bêbada, pombas u.u'). Depois de pronto, sentei-me ao lado dela. A única coisa que ela disse foi:

— Se sente confortável andando assim pela casa? Não que me incomode, mas você parece tão mal que acho que nem notou que está de calcinha e sutiã...

Claro que eu sei que estou semi-nua e descabelada, mas você acha mesmo que eu ligo?!
— Ah, sei sim, não se preocupe!
Sorri, simpática, a dor ainda forte mas melhorando conforme eu tomava o café. Então a garota se levantou e apanhou um pequeno comprimido numa bolsa ao canto da cozinha, e me entregou. Era um daqueles comprimidos anti-pessoa-que-bebeu-pra-caralho, você toma e fica sóbrea e sem dor de cabeça! Pelo menos é o que a propaganda diz.

Agradeci baixinho, enquanto ela voltava a se sentar. Com uma voz macia, boa de se escutar, ela disse, estendendo a mão:

— Prazer, Cláudia! Fiz o colegial normal e vim pra cá quando soube que haveria uma república feminina. Arrumei a casa pra quando vocês chegassem.

(Além de tudo, ela ainda é prendada, arruma a casa, é comunicativa. E gente!! Eu adorei esse sorriso...)

— Ah, muito prazer! Sou a Gabriela, a menos problemática das gurias.

Eu sei que aquilo havia sido narcisista, mas era verdade. Uma vadia, um casal de desreguladas e uma garota que pega e larga 10 pessoas diferentes em uma semana, fazendo as 10 se apaixonarem.. Eu era bem comum com minha mania de nerdisse.

Ainda nos olhávamos. Eu sorria, com o olhar cansado, e ela também. Quando ela finalmente desviou o olhar, parecia tímida, e riu baixinho enquanto se levantava e arrumava a cadeira. Tocou meu ombro em forma de despedida, e foi para um dos quartos, provavelmente onde ela havia dormido. Não havia nenhum mísero som na casa toda... E eu me sentia pesada como uma rocha. Depois de algum tempo, ouvi finalmente passos no corredor, e quando olhei, Bianca andava em minha direção. Ao chegar perto de mim, massageou meus ombros e abaixou-se até chegar ao meu ouvido, sussurrando: