sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 42

Depois de muito tempo, nos afastamos, as mãos dela ainda em meu rosto. Ela me olhava como se estivesse assustada, enquanto eu arfava, recuperando meu fôlego, depois de tanto tempo respirando quase que desprezivelmente. Quando seus lábios se moveram, eu esperei as palavras saírem como se esperasse minha sentença, como se aquilo fosse decidir se eu viveria dali por diante...

— Seu... Amor? — Gaguejou a morena, esboçando um meio sorriso irresistível... De repente, era como se um balde de água fria tivesse caído em mim e eu tremesse a cada movimento, por mais sutil, que ela fizesse... Era como se aquele acidente tivesse me feito perceber o quanto ela era valiosa, o quanto era bonita e meiga e virtuosa... Eu mal conseguia me concentrar o suficiente para responder, e tive que respirar fundo e sussurrar um "é" tímido e contido... E eu mal sabia se ela tinha me escutado!

Sim, ela me escutou, e sorria. Seu rosto agora estava corado e seus olhos tinham uma expressão indecifrável. Eu tinha certeza de que ela zombaria de mim, que ela diria "não pensei que fosse tão fácil", e me daria uns tapinhas de "boa sorte" no ombro. Foi quando ela piscou lentamente e, sem desviar o olhar, acariciou meu rosto com as costas da mão, e sussurrou:

— Amo você... — E nessas duas palavras, era como se meu corpo tivesse sido abandonado em queda livre de uma espaçonave prestes a cruzar o limite da atmosfera terrestre. — É meio que por acidente, sem querer, mas... Amo...

Sua voz era doce e melódica... Como se um anjo sussurrasse em meus ouvidos o eco de cada palavra que ela dizia, e estas palavras ficassem se repetindo na minha mente, de forma organizada e fiel, como se fosse ela quem estivesse repetindo. Mas seus lábios não se moviam mais, e sem querer eu desviei meu olhar de seus olhos para sua boca, como se quisesse me certificar de que ela realmente não se movia. Será que ela realmente me amava? Aquilo parecia ter sido tão sincero, e fora tão delicioso de se ouvir... E eu poderia ficar ali para sempre, não fossem as condições dela, eu poderia me deitar ao seu lado e olhar seu rosto eternamente... Um rosto perfeito, sem nada que me tirasse a atenção do mesmo... Quando dei por mim, estava ainda debruçada sobre o corpo dela, e então me ergui levemente, sentando numa postura reta e tocando sua mão suavemente. E, como se aquela fosse a cena mais natural do mundo, tentei me recompor e perguntei, baixinho:

— Quando vai sair daí e voltar pra casa?

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Esqueci a panela de pressão ligada no meu sonho

Nao me perguntem o que isso significa exatamente.
Mas essa será mais uma nova invenção que conseguirão entender conforme eu vá escrevendo a respeito de algum assunto.
Mas tudo começou quando eu sonhei que estava cozinhando mesmo no meu sonho, e quando acordei, estava preocupada com a panela que ficou ligada no meu sonho!!
Coisinha ridícula! EU sei! Mas isso me deu uma ideia para um novo assunto aqui no blog alem da WEB!
Aguardem! Estou bolando ideias em cima dessa expressão ridiculóvia. (uma mistura de ridicula com óbvia).

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 41

Ela permaneceu em silêncio. Eu sentia, pesadamente, que seus olhos me observavam, enquanto seu coração parecia bater com uma velocidade e uma intensidade que eu nunca havia pensado que poderia bater. E eu podia sentir que o meu também batia na mesma velocidade. Nunca, em voz alta, eu chamara alguém de "meu amor" antes...

Foi então que consegui erguer meu corpo, e olhá-la nos olhos. Ela estava vermelha, e parecia ter segurado o choro por muito tempo, até que eu pude ver uma lágrima rolar. Mas ela não soluçava: estava serena, e agora apertava minhas mãos nas dela com a força que uma criança usaria para segurar algo que gosta muito... E eu sorri. Eu sorri, olhando para seu rosto vermelho e seus olhos úmidos e brilhantes, sem me dar trabalho em enxugar as minhas lágrimas ou impedi-las. Nossos olhos se encontravam de forma tão carinhosa que eu não queria, nunca parar de olhar... Até que percebi que ia chegando cada vez mais perto, debruçando-me sobre seu corpo, e quando dei por mim estava a menos de um palmo de seu rosto. Foi quando ela tocou minha nuca e, puxando-a com delicadeza, me beijou...

Era como se aquele fosse o primeiro beijo de minha vida... Como se fosse um beijo que sonhamos em ter a vida toda... Todos os pelos de meu corpo se arrepiaram, e eu esqueci completamente de respirar... Meus olhos fechados... E eu, sentindo Cláudia comigo.

Alguma de vocês se lembra do primeiro beijo? O meu havia sido constrangedor, então eu tentava apagá-lo da memória. Talvez aquele beijo... Aquele, naquele instante, com Cláudia, devesse ter sido o meu primeiro beijo. Era algo como não sentir as pontas de meus dedos, e sentir os meus pés formigando... Os lábios dela estavam quentes, como sempre estiveram, mesmo depois de tudo aquilo... Eu podia sentir uma de minhas lágrimas gotejando no rosto dela, sem que eu pudesse evitar, mas antes que eu fizesse qualquer coisa sobre isso ela tocou meu rosto e, com o polegar, enxugou minhas lágrimas... Tudo aquilo enquanto nos beijávamos demoradamente, sem pensar em tempo ou espaço: perto dela, ambos ficavam difusos, complexos, indiferentes em minha mente. Era quase como se não existissem...

Para quem pode me ouvir sussurrar. 40

Os pais dela estavam assustadíssimos, mas assim que falaram com um médico (depois de bem uma hora), ficaram mais tranquilos e se sentaram. O médico veio em nossa direção em seguida, dizendo que Cláudia precisava descansar e que poderíamos vê-la em breve, e que o único dano mais grave era uma batida muito forte na cabeça que poderia causar problemas posteriores, então ele me pediu para prestar atenção. Já devia saber que ela morava comigo, especialmente porque, quando olhei para onde deviam estar os pais dela, já não havia mais ninguém. Fiquei surpresa, até que os vi saindo de um dos quartos, e pareciam mais tranquilos. Foram embora.

Enquanto o homem que a atropelara desculpava-se em meus ouvidos toda hora, eu estava mais nervosa. Assim que me levantei, senti um golpe de tranquilidade acertar meu estômago, e outro, de ansiedade, me puxar para dentro do quarto de Cláudia. Quando entrei, ela tinha um curativo pouco chamativo na testa, mas que não prejudicava sua beleza...

Sentei-me ao seu lado, sem conseguir falar. Tudo o que eu podia fazer era olhar em seus olhos, cansados, porém abertos. Ela abriu a mão perto de onde eu estava sentada, em sinal para que eu a segurasse, e eu o fiz, com certa fraqueza ainda dominando meu corpo. Tudo tinha acontecido tão rápido, que eu não conseguia pensar direito. Então toda a minha existência e tudo o que eu sentia naquele momento desabou quando eu ouvi ela sussurrar:

— Que bom que você veio... Estava pensando em você...

Sua voz era baixa, fraca... Mas ainda assim foi forte o suficiente para arrancar de mim uma lágrima e um soluço, enquanto eu me debruçava com cuidado e a abraçava, repousando minha cabeça contra seu peito. Podia ouvir seu coração... Estava batendo um pouco acelerado, e ela respirava mais rápido, mas logo percebi que não era por causa do acidente: ela me apertava contra si num abraço quente e reconfortante. E eu só conseguia soluçar de preocupação, de susto, de nervoso... De amor.

Respirávamos pesadamente... Eu podia sentir as mãos dela em minhas costas, e ela certamente sentia minhas lágrimas molhando sua blusinha branca. Meus olhos estavam fechados com força, e eu chorava sem conseguir parar, como se só agora eu tivesse percebido o que estava acontecendo, enquanto ela me apertava mais forte a cada soluço que eu dava. Quando eu finalmente consegui encontrar forças, sussurrei de volta com a voz ainda embargada:

— Eu fiquei tão preocupada, minha pequena... Fiquei com tanto medo.. — Então, apertei-a um pouco mais com as mãos, cerrando meus punhos em sua blusa, como se tivesse medo de lembrar — Meu amor...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 39

— Cláudia... Cláu, tá me ouvindo?

Ela não respondia aos meus sussurros. Talvez ela pudesse me ouvir mas estivesse fraca demais para responder. Logo ouvi o som de outra sirene, esta diferente das anteriores, e quando virei para olhar, vi uma ambulância. Eu assistia pouca TV mas sabia da mania das pessoas de entrarem junto de seus amados na ambulância. E eu não faria isso: seria pior pra mim, pior pros médicos, e pior pra ela.

Apanhei o endereço do hospital mais próximo e fui dentro do carro do homem que a atropelara. Seu para-brisa estava trincado mas a primeira coisa que ele quis fazer foi nos acompanhar e saber se ela estava bem. Ele parecia mais preocupado do que eu, de alguma forma eu estava bastante otimista, ou talvez a adrenalina não tivesse passado ainda...

No carro do homem, demorei para perceber que eu estava com as sapatilhas da pequena nas mãos. Havia as apanhado enquanto os paramédicos levantavam-na para acomodá-la na maca. Mesmo depois de perceber isso, continuava atônita, olhando para fora da janela. Olhava muito além, minha mente funcionando em flashs terríveis, como saber da última coisa que ela tinha me dito, como saber que nosso último momento não fora nada romântico, saber que eu não podia fazer nada para impedir que ela sofresse algo grave... E depois de todo esse sentimento de culpa outro me invadia, um diferente, um medo misturado com carinho, com... Com amor? Será mesmo que, em tão pouco tempo, eu me apaixonei por Cláudia? O jeito que ela falava, que ela andava... Pare de pensar no passado!, disse a mim mesma, Pense no presente, ela fala, ela anda!... Ela vive, ela vive... Ela tem que estar bem...

Quando eu fechava os olhos, podia ouvir sua voz, sua risada... Podia sentir seu perfume, que era sempre o mesmo pra mim, mesmo se ela mudasse... Um perfume dela, e não do que ela usava, o cheiro de sua pele clara e macia, dos cabelos negros, um cheiro de desafio, de mulher que seduz e menina que fascina... Eu podia lembrar de seus olhos, castanhos, puros, lindos.. Que, contra a luz, ficavam tão nítidos numa cor que beirava o mel escuro, e que viviam semi-cerrados e expressivos, bem contornados numa maquiagem sutil, moldados em uma forma perfeita... Ela tinha os olhos lindos... Ela tinha o rosto lindo... Ela tem, Gabriela, ela tem! Para de pensar no passado, para...

Não demoramos muito para chegar ao hospital. Estava muito movimentado e nos mandaram esperar sentados, aonde? Na sala de espera, Mariazinha, é óbvio.

Fiquei ali. Deviam ter passado alguns minutos, mas para mim eram horas. Não havia nem sinal de notícias. Logo vi um casal mais velho chegando, deviam ser os pais de cláudia: uma mulher com a expressão assustada, mas que parecia ser muito forte, e um senhor com aparência simpática, e o rosto tenso naquele instante.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 38

Quarto dia
"If I could, then I would..."

Domingo! Ah, que dia é domingo! Dia de descansar, de passar um tempo com os amigos ou com a família, dia lindo! Ah, como é lindo o domingo! Como é maravilhoso! Como é--

— PORRA, ACORDA GABRIELA, RÁPIDO! — Gritou Bianca, enquanto puxava as cobertas e jogava uma calça em cima de mim. Sua voz estava embargada, como se tivesse chorado, e ela chutou a cama duas vezes para que eu acordasse. Quando finalmente me levantei, ela mal esperou que eu perguntasse, e já começou:

— Porque você não viu quando ela saiu?! Se você tivesse segurado ela UM MINUTO que fosse, ela ia estar bem, olha o que você fez!

(Eu fiz o que, cara? Que aconteceu? E onde está... Ah, não!)

— Cláudia?!— Bradei, me vestindo com mais rapidez do que nunca e escancarando a porta do quarto — Onde ela está, o que aconteceu?!

Assim que eu saí do quarto, usando só um top e minhas calças jeans folgadas, Mel me segurou pelos ombros e me olhou com angústia. Ela não conseguia falar, e soluçava entre lágrimas que custavam a cair, como quem acabara de ver algo realmente traumatizante. Clarice estava encolhida no sofá da sala, e podia-se ouvir sirenes vindo do lado de fora, na rua. E a única voz que eu não ouvia, entre tantos gritos lá fora, era a de Cláudia...

Livrei-me das mãos de Mel e corri em direção à balbúrdia. Quando cheguei lá fora, não pude dar atenção a mais nada...

Ela estava ali, estirada no chão, com sangue manchando as roupas na lateral de seu corpo, próximo à perna esquerda. Seu rosto tinha ferimentos mais leves, mas próximo à testa o sangue também aparecia, e em quantidade maior como se o corte fosse mais profundo. Estava inconsciente, e próxima ao outro lado da rua, mas nenhum outro membro de seu corpo parecia gravemente ferido, além do que eu podia ver. Ao seu redor, as pessoas cochichavam, e eu podia ouvir um homem falando muito alto, dizendo "ela correu na minha frente" repetidamente. Nos ouvidos de Cláudia, os fones de seu celular pareciam ainda ligados, e o fio central dos fones passava por dentro de sua blusa e entrava no bolso direito. Suas sapatilhas haviam caído de seus pés. Mesmo de longe, eu podia vê-la respirar...

Corri em sua direção, quase voando por entre as poucas pessoas que estavam em volta, e atirei-me de joelho ao seu lado. Pude ouvir o policial dizendo "Afaste-se, não toque nela!", mas eu não pretendia tocá-la... Só observar, ter certeza de que ela respirava, e chamar pelo seu nome...

Para quem pode me ouvir sussurrar. 37

Foi então que, deixando o melhor para depois, fui beijando suas pernas... Eram lindas, desde a primeira vez que eu as tinha visto, e suas coxas eram particularmente deliciosas de se morder. Senti como se ela levantasse um pouco uma das pernas, e vi que um de seus pés estava realmente erguido. Foi quando eu tive a idéia de fazer algo que nunca havia feito antes... Mas que parecia que ia me facilitar um bocado a vida.
Deslizei uma de minhas mãos pelo interior de sua coxa, flexionando assim sua perna para que ela a apoiasse em meu ombro. Assim, não havia nada "no meu caminho". Ela se apoiava na parede para não cair, enquanto eu afastava sua calcinha para o lado, sem retirá-la. Foi então que ela soltou um suspiro, enquanto eu roçava a ponta da língua em seu sexo com o cuidado para ir bem devagar. De vez em quando mordia-lhe a virilha, e quando voltava a massagear seu sexo com a língua e com os lábios, fui acelerando os movimentos. O corpo de Cláudia já tremia um pouco, enquanto ela flexionava o joelho hora ou outra..

Enquanto isso, devagar e sem interromper os movimentos com a língua, fui inserindo um dos dedos devagar. Benditas sejam as aulas de anatomia: eu sabia que o orgasmo feminino era causado pelo movimento nas três primeiras camadas de seu sexo, independente de maior profundidade ou da grossura na penetração. Então, eu estava salva! Não era por ser menina que eu ia dar menos conta...

Fui acelerando os movimentos com a língua, dando leves chupadinhas de vez em quando, enquanto o vai-e-volta com o dedo continuava num ritmo igualmente rápido, porém uniforme. Cláudia rebolava sutilmente, quase que sem querer, na mesma direção que meu dedo, e bem provavelmente estivesse com dor na perna na qual estava apoiada, mas parecia não se importar. Depois de algum tempo, eu pude ouvi-la gemendo um pouco mais alto, enquanto arqueava as costas para frente e para trás, e sua respiração estava muito pesada... E, depois de sentir que ela havia chegado lá, depois de sentir seu gosto e te passar minha mão livre pelo seu corpo, sentindo seu suor... Depois disso, fui me levantando devagar e, quando cheguei à altura de seu rosto, ela abraçou meu pescoço e me beijou com vontade. Eu a beijava de volta, sem pressa, segurando-a pela cintura. Depois, me afastando do beijo, apanhei-a nos braços, e levei-a pra cama... Eu estava me acostumando a fazer isso... E ela sorria, se segurando em mim.

Ao deitá-la na cama, voltei até onde estávamos e apanhei suas roupas. Levei até ela e ela se vestiu devagar. No nosso olhar percebíamos que já estávamos cansadas, e eu não fazia questão que ela retribuísse a vez, portanto simplesmente dormiríamos, tranquilas. Enquanto ela se vestia, eu tirava a roupa usada do dia, e apanhava outra calcinha.

— Vou tomar um banho. É rápido.. Me espera?

Ela acenou positivamente com a cabeça, e eu saí do quarto e fui ao banheiro. O banho foi muito rápido, afinal eu não precisava lavar a cabeça com tanta frequência, e logo eu voltei ao quarto, nas minhas roupas intimas. Cláudia estava quase adormecendo, quando eu apaguei a luz e deitei-me ao seu lado. E ela me abraçou, com certa tranquilidade.. Até que, quando eu menos esperava, ela sussurrou:

— Vai ter que fazer muito pra me merecer...

Ela estava de olhos fechados quando disse aquilo, mas definitivamente acordada e atenta. Eu engoli seco e respondi um "Sim" com a voz falha, sem conseguir pregar os olhos. Devia ser quase 5h00 quando eu finalmente peguei no sono...

{Fim do terceiro dia}

2010!

Talvez seja cedo para escrever sobre 2010!! Mas resumindo algumas partes, chego a conclusão que houve sim coisas boas nesse ano, mas terei de ser sincera e dizer que coisas ruins se passaram por mim bem mais percebidas do que eu gostaria!
Começando por Janeiro. Onde meu mundo se desfez em tantos pedaços q até hoje foi remontado com peças fora do lugar e ainda estão faltando algumas que se perderam por aí no tempo!
Fevereiro, foi um mês de orgulho. Coisas contra minha vontade e só para fugir de mim mesma foram feitas! De algumas me orgulho, de outros nem tanto.
Março!! Ah, o que dizer sobre Março?! Esse mês, foi a mudança mais drástica que fiz na minha vida. Fiz para fugir, de tudo e de todos. Alguns foram impossíveis de ter tentado fugir, de outros foram até fáceis demais! Presidente Prudente apareceu na minha vida como o ato de se apagar uma vela num sopro leve! E lá fui eu, com a cara e a coragem. E eis que me surpreendo com uma galera que foram minha família por quatro meses. Sem entrar em muitos detalhes em datas especificas, entrei na piscinas umas três vezes de madrugada, pulando o alambrado, bebendo com os amigos, saindo nas festas, me apaixonando por quem trocava olhares comigo mas que eu sabia que jamais teria uma chance se quer! Enfim, chega o ultimo dia em que estaria lá, e no dia 7/7 as 00:00 no B1, todos fazem uma surpresa maravilhosa no meu aniversário que em 4 anos eu revi como é bom a surpresa nesse dia! Vim embora, com muitas lágrimas no rosto! Quero  voltar hoje! "Bater um repetéco" de fugir de novo do mundo!
Volto e choro de novo quando no primeiro final de semana minha família faz outra surpresa com todos reunidos! Amo vocês!
Alguns dias depois a realidade dos 18 anos bate na minha porta, e a vida de novas responsabilidades começa ao regresso da minha cidade que quando deixada, não tinha me mostrado isso antes!
Os dias, as semanas e os meses se passam. Pessoas vem e vão na minha vida. Pessoas que não precisei conhecer e conviver mais que uma semana, mais que um mês ou mais que anos para perceber que deixaram uma marca a ponto de me tirarem lágrimas. Lágrimas estas felizes e tristes! Algumas não deixaram de cair até hoje! Loucuras de paixões momentâneas, ou nem tanto assim, eu fiz! Não me arrependo de nada, apesar de sofrer por algumas delas.
Não me arrependo das palavras bonitas que falei para quem sofreu por mim depois, nem daquelas que mesmo faladas fizeram o feitiço voltar contra o feiticeiro e me fizeram sofrer por elas mais tarde.
E quer saber de mais uma coisa? Jamais vou ser diferente! Sempre serei transparente! A ponto de deixar claro se vou ou não me interessar, se estou ou não brava, se estou ou não magoada, se estou ou não apaixonada! E foram tantos pés na bunda nesse ano turbulento que a bunda está calejada.
Entretanto, a coisa que eu mais desejei que não acontecesse nesse ano aconteceu, então o resto eu fiz acontecer para que eu não desistisse de mim mesma ou da minha vida.
Agora, a única coisa mais desejada é que 2011 venha mais calmo! Venha mais romântico! Venha mais valorizado. Venha bom! E desejo a você o mesmo. Se me conhece, desejo que esteja comigo! Com minha amizade, meu afeto, meu carinho e meu amor!
E que na virada do ano que vem estejamos juntos, por que, sei que nesse ano estarei sozinha novamente!
Um abraço!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 36

— Não precisa ficar se preocupando, ok? Eu posso parecer triste mas é só saudade, minha mãe era muito tranquila comigo assim como meu pai...

Pelo jeito eu era convincente: Cláudia sorriu e se aproximou para beijar meu rosto. Ela parecia satisfeita com a resposta. Era uma menina ingênua e eu podia mostrar um corte profundo no pulso e dizer que era um gato, e ela nunca ia desconfiar de suicídio. Ela acreditava num lado bonito do mundo...

Enquanto ela se trocava, eu continuei sentada na cama. E fiquei ali, olhando para o corpo dela... Era lindo, apesar do jeitinho tímido dela se vestir na minha presença, e se encolher quando notava que eu estava olhando. Quando já estava sem blusa, é que notou que seu pijama estava ao meu lado na cama, e disse:

— Joga minha blusa aqui?

Ela devia ter algum tipo de vergonha misteriosíssima: eu também era garota, poxa! Mesmo se não fosse sua namorada, era normal que ela se trocasse na minha frente!

Depois do pedido de Cláudia, apanhei sua blusa e me levantei, caminhando lentamente em sua direção. Quando ela notou que eu estava próxima, afastou-se num pulo, soltando um "Sai!" agudo. Eu continuei me aproximando, até que ela chegou de encontro à parede, ainda de costas para mim, abraçando os próprios seios para que eu não os visse. Então, com ela encolhida à parede, comecei a beijar seus ombros, devagar, deixando sua blusa presa entre meus dedos na mão esquerda. Com a mão direita, fui contornando sua cintura, enquanto ela ainda tentava se esquivar. Até que segurei-a com força pela cintura com as mãos, deixando sua blusa cair no chão, e mordi seu pescoço com força o suficiente para deixá-lo marcado. Ela soltara então um gemido de dor bem baixinho, quase inaudível, enquanto afrouxava os braços sem querer. Eu fui fazendo com que ela se virasse em minha direção, e quando finalmente estava de frente pra mim, apanhei seus pulsos delicadamente, enquanto ainda beijava seu pescoço.

Quando comecei a subir meus beijos, percebi que a boca dela buscava a minha, com sede. Beijei-a, enfim, com vontade, mordendo seus lábios com força e roçando nossas línguas com pressa, enquanto levantava seus pulsos e os prendia acima de nossas cabeças com minhas mãos. Era como se ela tivesse esquecido do fato de estar ali, semi-nua, em plena luz, e na minha frente. Fui, então, escorregando minhas mãos para baixo, juntamente com os beijos que desciam pelo seu pescoço... Ela, de olhos fechados, estava entregue e não fazia mais questão de se afastar...
Foi então que, deixando seus braços repousarem sobre meus ombros, comecei a beijar logo acima de seus seios... E depois de me demorar por ali, finalmente desci os lábios para o seio esquerdo, enquanto Cláudia arfava, e por lá distribui alguns beijos suaves, até que, enfim, voltei a morder sua pele, fazendo-a puxar com força os cabelos de minha nuca, e deixando a marca de meus dentes em seu seio. Dali por diante, me ajoelhei, beijando sua barriga demoradamente. Era linda... E viciante de se beijar, de uma pele tão macia que eu poderia ficar ali para sempre... Fiquei por lá, beijando-a demoradamente, mordiscando-a hora ou outra com menos força do que antes, enquanto apertava suas coxas com minhas mãos, hora subindo minhas mãos até sua cintura e arranhando sua pele com minhas unhas "discretamente" grandes. A cada mordida, cada arranhão, ela parecia arfar com mais força. Até que levei minhas mãos até o short do pijama que ela usava, abaixando-o até que ele caísse aos seus pés..

Para quem pode me ouvir sussurrar. 35

Deviam ser quase duas horas da manhã quando começamos a falar sobre nossos pais. A maioria das garotas tinha sido matriculada na escola interna antes de se descobrir homo, e Júlia ainda sentia falta de homens, então nenhuma delas tinha grandes problemas com os pais. Bianca tinha uma história um pouco mais dramática, dizendo que os pais reclamavam muito de sua postura de moleca, mas nada que a fizesse ser traumatizada. Cláudia falava dos pais com algum desdém, mas sem odiá-los, apenas com algum rancor, como se eles fossem pouco presentes. E eu... Eu nunca falava muito dos meus pais...

— E porque nunca fala deles? — Perguntou Cláu, um tanto receosa. As meninas também ouviam pouco sobre eles.

— Ah, nada demais. Meu pai é meio solitário mas ele gosta de ficar assim, quando bate saudade ele me liga e a gente se encontra, então nunca tenho muito o que falar dele...

— E a tua mãe? — Mel perguntou. Podia ter ficado quieta, seria melhor... Pois, assim que ouvi sobre minha mãe, aquele nó se apertou na minha garganta. Eu não precisava falar a verdade, nem precisava transparecer minha angústia... Então só murmurei qualquer coisa:

— Foi ela que me mandou pro internato à força.

Talvez aquilo parecesse rancoroso. Mas eu não ousei dizer mais nada de minha mãe, porque era um dos poucos assuntos que me sensibilizava de verdade. Não me lembrava de ter chorado muitas vezes, e uma das poucas foi por falar de minha mãe com Bianca, no segundo ano...
Para cortar o clima pesado, Cláudia propôs que fôssemos dormir. Logo eu notei que ela havia feito aquilo para me tirar da roda, enquanto ela se levantava e me oferecia ajuda para fazer o mesmo. Todas se cumprimentaram com boa-noite-beijinho-no-rosto e fomos cada duas ao seu devido quarto.

Assim que fechou a porta atrás de nós, Cláudia segurou minha mão e perguntou:

— Quer conversar?

Eu devia parecer deprimida pelo fato de ter dito aquilo, mas realmente preferia ficar quieta. Abaixei o rosto e sorri, acenando negativamente com a cabeça em seguida. A pequena apertou minhas mãos, insistindo, e me puxou para que sentássemos à cama. Não, eu não queria falar e não ia adiantar insistir! Eu nunca fui do tipo que falava a verdade e se ela insistisse eu iria mentir! Eu era compulsivamente mentirosa...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 34

— É.— Respondeu, seca, como se quisesse que eu insistisse para não ser sua namorada, para continuar solteira. Como se ela esperasse que eu fosse dizer que era cedo demais, que eu precisaria pensar...

— Tá bem! — Respondi, sorrindo cordialmente.

Ela estava incrédula! Como assim, aceitar uma proposta dessas, uma ordem dessas, sem titubear?! E quando ela me olhou com seu ar imponente e surpreso ao mesmo tempo, larguei as sacolas e levei minha mão até sua nuca, puxando outro beijo e, por fim, mordendo seu lábio inferior com força o suficiente para arrancar-lhe um gemido de dor, encerrando assim o beijo.

— Agora você vai ter que aguentar a garota mais romântica e pegajosa que já existiu. — Brinquei, soltando-lhe a nuca e apanhando as sacolas de novo, fazendo então um sinal com a cabeça para que ela viesse comigo. Ela me seguiu, ainda com uma expressão surpresa, mas depois de um tempo, quando chegávamos em casa, ela me impediu de abrir a porta, dizendo:

— Só vamos contar pras meninas depois que a Bianca melhorar desse surto. Mas vê se fica longe dela!

Ri baixinho para que as meninas não ouvissem de dentro da casa, e abri a porta. Estavam todas reunidas, rindo alto e falando besteiras. Deveriam ser 19h00. Entramos já perguntando o que estava acontecendo.

— A Júlia vai se vestir de homem amanhã! — Disse Mel, ainda rindo. — Lembra do jogo? Ela vai ter que cumprir!

Pelo jeito, as meninas sairiam amanhã. E eu iria junto, sem dúvidas, a não ser que fosse algo badalado demais. Então, levei as sacolas até o quarto e fui me sentar ao lado delas, junto de Cláudia, e ficamos por lá, conversando horas e horas...

Devia passar das onze horas quando estávamos terminando de conversar. O clima estava bem mais tranquilo do que hoje de manhã e todas conversavam sobre tudo, até que a fome bateu na maioria. Clarice preparou aquelas bolinhas de frango fritas, do tipo que vicia, e ficamos conversando e comendo até de madrugada! Só falávamos besteira, afinal, juntar 6 mulheres, lésbicas, pra conversar à vontade... É definitivamente sinal de muito sexo numa conversa só!

Para quem pode me ouvir sussurrar. 33

Havíamos comprado dezenas de sacolas de roupas e acessórios! A pequena estava um pouco menos zangada, e eu um pouco menos constrangida, às 18h00 quando voltávamos do ponto em que tínhamos descido. Mas antes que eu pudesse engatar numa caminhada mais apressada, graças ao peso das sacolas, Cláudia deixou as dela no chão e me puxou pelo braço, me beijando ardentemente em seguida. Carros passavam buzinando, enquanto nossas línguas dançavam num roçar delicioso, e nossos dentes hora ou outra se encontravam uns com os lábios da outra, fazendo o beijo durar um bom tempo. Quando finalmente nos afastamos, ela, ainda segurando meu braço com força, disse nervosa:

— Quer saber? Você é minha sim! Agora, é minha, e eu não quero saber se você quer um tempo pra ser uma pessoa melhor, vai ser melhor agora porque de hoje em diante você é minha, porra!

Eu estava realmente apavorada! Será que ela estava brincando comigo, se vingando, ou será que ela falava sério? Eu nunca fui do tipo que olha pelo lado negativo ou pelo lado improvável, então simplesmente olhei bem fundo nos olhos dela, tentando ter a mesma intensidade que Bianca tinha quando me olhava (porque ela dava medo), e sussurrei:

— Isso é uma ordem pra que eu seja sua...?

Ela me puxou para mais perto, quase colando nossos rostos, e sussurrou de volta:

— Sim. Minha.

— Sua... namorada?

Ficamos em silêncio. Era como se ela não tivesse percebido o que me mandava fazer. Eu ergui uma das sobrancelhas, e ela logo fez o mesmo. Eram poucas as garotas que eu conhecia que sabiam fazer isso, e eu sempre achei um charme. Talvez ela não percebesse, mas o que eu mais queria fosse que ela respondesse que sim... Porque eu sempre fui e sou uma viciada em relacionamentos longos.

sábado, 30 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 32

— Sei que não preciso dizer isso, mas vou porque confio em ti... Bianca me beijou depois de tudo aquilo. Não, ela... Ela não me beijou. — Cláudia parecia frustrada e confusa quando continuei: — Nos beijamos.

Nunca uma pessoa é beijada, simplesmente. Um beijo é feito de duas pessoas.

Cláudia abaixou o rosto. Parecia profundamente ferida. Foi quando eu toquei seu queixo, fazendo-a olhar pra mim, e disse:

— Mas quero que saiba que isso não muda a minha escolha... Que eu não a afastei do beijo porque senti que o momento pedia aquilo pra ela se acalmar... E que não vou deixar acontecer de novo.

A pequena morena ainda parecia ofendida demais para falar alguma coisa, até que finalmente quebrou o próprio silêncio, cruzando os braços e dizendo:

— Você não me deve nada! Nem estamos namorando, mesmo...

Ela estava certa, não estávamos... Mas ela se sentia traída, e eu me sentia uma traidora. Foi quando toquei um de seus ombros e sussurrei:

— Ainda não... Mas te prometo que vou me tornar alguém melhor, antes de ter você...

Ela parecia não ser afetada, mas eu falava sério. Ela merecia algo melhor do que alguém que não sabe dizer não. Mas, me surpreendendo, ela virou e me olhou nos olhos, como se entendesse a situação. E eu a puxei devagar pela mão, custando a fazê-la se aproximar. Quando finalmente consegui, beijei-lhe a testa, e sussurrei:

— Vou aprender a cuidar de você, anjo...
Após receber o beijo na testa, Cláudia ainda parecia insatisfeita. Então, toquei seu rosto, e sorri, naquela atitude que tantas pessoas acham ultra cafajeste mas que eu sempre fiz com sinceridade.

— Você fica linda nervosa..

— Não adianta tentar me agradar!— Retrucou a garota, me olhando impaciente. Eu continuei sorrindo, em sinal de que eu queria que aquilo passasse, e finalmente ela bufou alto e disse: — Tá bom, tá bom! Eu paro de frescura, não sou sua dona nem nada do tipo, mas você vai ter que me aguentar de mal humor!

— Logo você melhora, toda mulher adora fazer compras!— Respondi, abraçando-a com um dos braços enquanto via o ônibus chegar e sinalizava que parasse com o outro.

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Para quem pode me ouvir sussurrar. 31

— Eu não preciso te amar loucamente pra estar do seu lado quando você precisar...
Ela me abraçava com muita força, soluçando de tanto chorar. E eu, agora, estava em silêncio. Doía demais saber que uma grande amiga fora desapontada daquela forma, e por mim, justamente por mim... Foi quando eu me afastei de leve e a olhei nos olhos, tocando seu rosto e enxugando suas lágrimas, ainda sem dizer nada. Depois disso, me levantei devagar e estendi minhas mãos para que ela se levantasse comigo. Ela segurou-as com firmeza e se levantou, voltando a me abraçar com força em seguida e soluçando em meus ombros, enquanto eu a apertava contra meu corpo, contendo meu choro para que ela não ficasse mais aflita. Quando finalmente pudemos nos olhar nos olhos como antes, eu sorri, compreensiva, com uma expressão que misturava carinho e pena. Ela sorriu de volta, e sussurrou:

— Eu vou ficar bem...

Então, ela tocou meu rosto, e acariciou-o com a ponta dos dedos. Era como se não houvesse mais ninguém ali... E depois que as garotas haviam virado as costas, depois que tudo parecia estar bem, Bianca sussurrou mais uma coisa:

— Eu só preciso fazer uma coisa, pra que você nunca se esqueça...

Dito isso... Ela aproximou seus lábios dos meus. E me beijou demoradamente, sem fazer barulho, sem nenhum roçar de línguas, sem nada que nos fizesse partir dali para algo mais. Um beijo simples... Onde eu podia sentir os lábios dela quentes, levemente úmidos, levemente doces graças a algum tipo de brilho labial, tocando os meus de forma demorada e uniforme, sem mudar, sem se mover, como num selinho, como se posássemos para uma foto... E eu não conseguia respirar. A atmosfera estava pesada, minha consciência estava pesada, meus olhos estavam fechados quase à força e eu tenho certeza de que aquilo deve ter durado, no máximo, 7 segundos...

Depois daquele beijo, ela simplesmente se virou e foi até o quarto. Enquanto isso, eu fui até a sala, de encontro com Cláudia, e murmurei "Vamos sair?". Ela logo apanhou as coisas dela no quarto, um tanto desanimada, e saímos, com os olhares das garotas nos perseguindo.

— Que barra...— Murmurou Cláudia, segurando na minha mão como se fosse eu a vítima. Então, quando já estávamos longe da casa e próximas a um ponto de ônibus, eu a olhei de frente e segurei suas mãos, falando com a expressão séria:

Para quem pode me ouvir sussurrar. 30

Alguém aqui já bebeu o bastante para não estar ciente do que houve? Eu nunca tinha bebido tanto quanto naquela noite. Aliás, nunca tinha bebido mais do que um dedo de um copo de vinho! Eu não me lembrava de absolutamente nada do que havíamos feito ou dito uma à outra depois do incidente no banheiro do bar...

Ela disse que me amava? Bianca realmente amou alguém na vida, e esse alguém era justamente eu? Eu, a menina que sempre achou que ela fosse a cafajestagem em pessoa, que sempre soube dos podres dela, que sempre desconfiou que ela pudesse ser algum tipo de criminosa de tão traiçoeira e ao mesmo tempo simpática que ela podia ser, sem se sentir culpada por isso. E então, começaram a acontecer coisas que eu nunca imaginei que pudessem acontecer...

Bianca começou a caminhar em direção à parede e, lá, recostou-se.

— Eu tive o melhor sexo da minha vida com a primeira pessoa que eu sinto que realmente amo e tudo é estragado quando você simplesmente... — Então ela engasgou-se, num soluço choroso, e deixou as lágrimas rolarem. — Simplesmente me faz perceber que foi tudo mentira!

A esse ponto, as garotas já observavam de longe, no corredor. Sem dar atenção a elas, andei em direção à Bianca, e me abaixei ao seu lado, sussurrando:

— Não foi mentira... Você só se enganou... Não quer dizer que eu não tenha gostado de estar contigo... Eu gostei de tudo o que consigo me lembrar, e tenho certeza que gostaria do que não me lembro.. Mas não quero te magoar, dizendo que te amo sem te amar agora, Bih... Posso estar do teu lado e te ajudar a conviver com isso, mas não posso garantir que será recíproco...

Ela estava se acalmando. A idéia de não perder a minha amizade parecia deixá-la menos frustrada com tudo aquilo. Ela se encolhia contra a parede, como se tivesse nojo da idéia de... Da idéia de me perder, e aquilo me matava...

Então, aproximei-me e abracei-a, enquanto falava:

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurar. 29

— Precisamos conversar. Cláudia, por favor, leva as gurias pra sala ou pra algum lugar, é um assunto sério.

Cláudia parecia totalmente perturbada com a atitude da amiga, mas ao ver que esta a olhava de forma constrangedora de se negar, aceitou. Quando finalmente estávamos sozinhas na cozinha, Bianca me fitou os olhos de forma aterrorizante, como se pudesse me matar só com o pensamento, e respirou fundo, numa expressão impaciente. E não soltava a minha mão por nada, mostrando em sua pele branca e perfeita a dor de se sentir corar, coisa que ela raramente deixava acontecer.

— Você não vai fugir. — Começou a pseudo-ruiva, sem quebrar o olhar entre nós duas. — Você não vai se levantar e sair andando, nem vai me dizer que não sabe do que eu estou falando, não dou a permissão pra que você faça isso!

Eu apenas acenei positivamente com a cabeça, com receio do que ela pudesse me falar.
(Fodeu, ela vai dizer que tá grávida o.õ)
Depois que aceitei todas as ordens da madame, ela respirou fundo mais uma vez e, pela primeira vez na história da nossa história, desviou o olhar de meus olhos...

— Sim... Você estava bêbada, mais do que o normal, você nunca bebe e resolveu aceitar a garrafa que eu te passei. Não importa o que eu sentia antes daquela noite, nunca te contei... Mas naquela noite, quando eu te disse aquilo e você sorriu eu pensei que você estivesse acordada! Eu pensei que você estivesse escutando!

Eu não era permitida de perguntar... Mas era irresistível:

— Bih, diz logo, o que aconteceu?

— EU DISSE QUE TE AMAVA, PORRA! — Bradou Bianca, levantando-se com força e deixando a cadeira cair. Eu pude ouvir, em seguida, os murmúrios vindos da sala, das garotas curiosas. — Eu disse e você sorriu e agora eu te vejo com outra garota, morando na mesma casa que eu, como se não tivesse acontecido nada, como se eu não fosse ninguém! Você não tem esse direito, você não é ninguém pra fazer isso, NINGUÉM!

Ela estava incrivelmente alterada. Não parecia a serena e bem-humorada Bianca do colegial. E eu estava pasma, olhando-a com ar surpreso, e sem saber o que dizer ou fazer... Minha boca estava aberta, mas dela não saía nenhum som, ou pelo menos nenhum audível... Eu não sabia o que fazer, não sabia!

sábado, 9 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurar. 28

Ela sorriu. Sorriu, me permitindo, sorriu sabendo que aquele momento marcaria a vida dela, e provavelmente a minha também... E então, eu fui descendo meus dedos devagarzinho, afastando os shorts de seu pijama, juntamente com sua calcinha... E aproximei a ponta de meus dedos suavemente ao seu sexo, pressionando-o suavemente e fazendo por ali movimentos lentos e circulares... Enquanto eu a ouvia arfar devagarzinho...Senti um certo orgulho ao perceber que a morena estava completamente molhada e desejosa. Tinha de ser perfeito mais a ela do que para mim.

Quando acordamos e começamos, era quase meio dia. Quando eu finalmente pude ouvi-la gozar, e ela fizera o mesmo comigo depois de um (muito) bom tempo, e depois que ambas deitamos uma ao lado da outra como antes, já passava das 14h00... Meu rosto estava vermelho, nossas costas suadas, nossos cabelos úmidos, nossas respirações arfantes... E sorríamos. Aquele tinha sido o melhor sexo da minha vida...

Então, ouvimos batidas na porta e Mel chamava para o almoço. Ao que parecia, todas as garotas haviam acordado mais ou menos agora. Nunca contei pra ninguém... Mas quanto melhor fosse a companheira na cama, mais faminta eu ficava depois de fazer amor. Então, segurei sua mão próxima ao meu rosto e beijei-a, dizendo em seguida num tom de vítima:

— Vamos? Você me deixou exausta e eu preciso de energias!

Cláudia soltou uma gargalhada deliciosa de ouvir! E me abraçou, me dando um selinho estalado, e dizendo um "Tá bem!" em meio a risadas. Nos levantamos, nos vestimos, e fomos comer... Comida.

Sentamo-nos então à mesa para o almoço. Todas as garotas de pijamas, e só nós duas já com as roupas que usaríamos pelo dia. Comemos muito depressa, ninguém falava e a mesa de madeira e vidro estava mais entusiasmada do que todas elas juntas. Apenas eu e Cláudia conversávamos, animadas, sobre planos do que faríamos no meu primeiro sábado fora do colégio!

Depois que decidimos que iríamos fazer compras (Afinal meu guarda-roupa estava parecendo um deserto), ela se levantou, levando meu prato e o prato dela. Quando fui me levantar, Bianca pegou minha mão.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurar. 27

Terceiro Dia
"Olhar teus olhos de promessas fáceis..."

Ao sentir que meu corpo despertava, devagar abri os olhos. A pequena deitada ao meu lado me observava com calma. Estranhei o fato do despertador não tocar, e quando olhei para o relógio e vi que era quase meio dia, me lembrei de um detalhe maravilhoso: era sábado. E ela me olhava... Ela me olhava enquanto uma janelinha entreaberta deixava a luz entrar no quarto e fazia uma fresta de cor em um de seus olhos. Seus olhos... Seus olhos lindos, seu olhar preguiçoso, seu olhar de mulher, que combinava estranhamente com seu jeitinho de menina... Seu olhar, que foi me ensinando durante aqueles segundos que alguém pode amar de repente, pode se apaixonar de repente, se simplesmente se deixar levar... E eu sentia, naquele exato momento, que eu estava gostando... Daí estava amando... Daí me apaixonei.

— Bom dia, princesa...— Sussurrou Cláudia, sorrindo, sem deixar de me olhar. Parecia ter arrumado os cabelos e se ajeitado antes que eu acordasse... Era vaidosa, muito vaidosa.

— Bom dia, guria... Dormiu bem?— Retruquei, sorrindo de volta e suspirando para segurar um bocejo. Meus olhos ainda estavam cansados, e meu corpo estava colado ao dela, quente de certa forma. Então, se aproximando devagarzinho, ela me beijou com simplicidade. Mas... Sabe aqueles dias em que você acorda com vontade de dar um passo? Pois é, era um desses... E no beijo simples, puxei-a pra mais perto, beijando-lhe com mais vontade, segurando sua nuca e colando nossos corpos... E ela parecia ter entendido o recado, quando entrelaçou as próprias pernas entre as minhas...
Então, devagarzinho, fui me debruçando por cima dela, apoiando meu peso em um dos braços para não deixá-la desconfortável. Ela rodeou meu corpo com os braços, me aproximando com cuidado, enquanto me beijava com vontade, roçando a língua em meus lábios hora ou outra, e mordiscando os mesmos, enquanto eu fazia o mesmo com ela. Logo comecei a descer os beijos pelo seu pescoço, sentindo um perfume amadeirado delicioso, provavelmente que já havia se acostumado à pele dela... Enquanto isso, mordiscava sua pele macia, com certo cuidado para não marcá-la, mas quando notei que ela puxava meus cabelos a cada vez que eu fazia isso, comecei a mordê-la com mais força. Arrancava-lhe gemidos baixinhos, deliciosos... Enquanto ela me mordia um dos ombros com força o suficiente para me fazer suspirar e também reclamar, por me deixar marcada provavelmente por semanas!

Foi quando comecei a deixar que minha mão livre percorresse seu corpo quase nu, devido ao tamanho ridículo do pijama que ela usava, e acariciei devagar sua cintura. Por um instante, parei para brincar com meus dedos por ali.. Sempre adorei aquela curvinha da cintura, que diferencia de verdade quando chega no quadril, e depois dali fui descendo a mão até seu osso do ilíaco, demorando meus dedos por ali... Foi então que eu deixei de beijá-la e a olhei nos olhos: era quase que um pedido de permissão, para que meus dedos pudessem seguir dali por diante... Era um pedido para ser a primeira garota da vida dela, significantemente...

Para quem pode me ouvir sussurar. 26

Enquanto eu estava ali, parada e pensando no dia que eu tive, ouvi Cláudia sussurrando quase inaudivelmente:

— Vem cá, deita comigo...

Ela parecia tão próxima de mim, em tão pouco tempo... Talvez eu tivesse enjoado das mesmas garotas de sempre, talvez ela fosse uma novidade deliciosa. Então, fui até a cama e me deitei ao lado dela, ambas debaixo de uma coberta só, e abraçadas como da última vez. Então, como se ela pudesse ler minha mente, ela disse, hesitante:

— Vai ter que tomar uma decisão sobre as meninas... Acho um pouco malvado da tua parte não dar nenhum veredito sobre com quem vai ficar.

(Gabriela, não seja impulsiva, não seja impulvisa, NÃO SEJA IMPULSIIIIVAAA, NÃÃ--)

— Você...

(Já foi.)

Eu sabia, sim, o que eu estava fazendo. Ela parecia a única que não pensava só em me comer e reclamar depois se estivesse bêbada, como as outras. Assim que eu disse aquilo, ela me olhou um pouco surpresa, mas sorriu. Acenou positivamente com a cabeça, enquanto eu continuei:

— Mas vamos com calma... Não é um namoro nem um compromisso, só quero que saiba que, das gurias daqui, eu gosto de você... Mas eu vou te dizer caso eu conheça outra pessoa e espero que você entenda, e quero que você faça o mesmo.

Ela acenou novamente com a cabeça, enquanto levava sua mão até a minha, entrelaçando nossos dedos. Aquilo fora precipitado, eu sei... Mas parecia ser o certo.

Antes que dormíssemos, e depois do que eu havia dito, Cláudia aproximou-se ainda mais, e foi virando seu corpo até debruçá-lo levemente sobre o meu. Era leve, e seu corpo parecia ter sido feito para estar junto ao meu naquele instante. E então, como se sua noite dependesse daquilo, como se nada mais importasse, ela encostou os lábios suavemente nos meus, sem realmente beijá-los com a paixão de um casal, apenas tocando-os numa espécie de selinho silencioso e carinhoso... Um toque que durou tempo o suficiente para me fazer perder o fôlego, enquanto eu levava minhas mãos ao seu rosto, acariciando-o de leve, devagar... Depois de um certo tempo que ficamos ali, nos beijando, ela me olhou nos olhos, sem dizer nada. E eu olhava cada detalhe de seu rosto... Lindo... Humanamente lindo.


Então, ela esgueirou-se para mais fundo nos lençóis e no fino cobertor, e repousou uma das mãos sobre meu ombro. A outra deitava ao lado de meu corpo, e seu rosto, juntamente com parte de seu corpo, descansada por cima do meu, confortável e nada incômodo. E quando olhei para ela, estava de olhos fechados... E sorrindo.

Então, sem poder me conter, sussurrei algo que estava em minha mente desde que nos beijamos na primeira vez...

— Você é um anjo...

Não ouvi resposta... Bem provavelmente ela já estivesse dormindo, afinal seu dia havia sido cansativo. O meu também... E foi assim que eu peguei no sono, com um anjo no meu colo...

{Fim do segundo dia.}

sábado, 2 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurar. 25

Eu gostava de continuar sentada por um tempo depois de uma refeição. As garotas já estavam saindo, quando Cláudia perguntou, tocando meu ombro:

— Não vai levantar? Vamos ver um filme!

Eu estava pensando exatamente nela... Exatamente na forma doce que me tratava, enquanto as outras só queriam me comer. Enquanto ela falava, eu a observava, sorrindo. Era como se cada palavra dela passasse em câmera lenta quando ela falava diretamente comigo, e de mim. E o sorriso dela era agradável, era bonitinho de se olhar... Será que eu estava gostando mesmo dela?
Eu, então, me levantei e a segui até a sala, onde as garotas preparavam tudo para um filme de terror. Assim que soube, a pequena morena encolheu-se, resmungando alguma coisa sobre não gostar, e ter medo. É, Gabby, é a sua chance..

— Eu te protejo..— Sussurrei ao ouvido dela, segurando sua mão e sorrindo. — E se você não quiser olhar, pode se encolher no meu colo!

Ela sorriu, enquanto seu rosto se enrubescia. Sentamos ao chão, e as meninas no sofá. Quando eu vi o comecinho, os primeiros segundinhos do filme, eu já reconheci que era um dos meus prediletos! E enquanto eu olhava vidrada pra tela, Cláudia se encolhia, apertando meu braço e soltando grunhidos de medo. Até que eu a abracei, colocando-a no meu colo, e comecei a fazer carinho pelo seu braço... Admito que eu prestava atenção demais no filme, mas senti que ela estava mais calma...

O fim do filme era horrorizante, com direito a sequência e a Gabriela encolhida, assustadíssima e com cara de ovo. Que culpa tenho eu se lobisomens me dão mais medo do que estupradores da esquina?! Todas as garotas estavam em estado de choque, e umas se levantavam para ir ao banheiro enquanto outras iam dormir. Olhei no relógio, e passava da uma hora. Cláudia estava quase dormindo nos meus braços, parecia que só se mantinha acordada por uma frestinha aberta em seus olhos cansados e tão bonitos...

Quando pensei em pedir que ela se levantasse, ela já estava super confortável. Sabe aquele dó de fazer a pessoa acordar e ir andando pro quarto? Pois é! Então, ajeitei o corpo dela apoiado no sofá, e fiquei de joelhos. Assim, mesmo tendo que me esforçar um pouco, apanhei-a no colo com cuidado para evitar solavancos. Quando eu já estava em pé, ela acordou, sussurrando:

— Que você tá fazendo?

Sua voz estava sonolenta, e baixíssima...

— Fica quietinha e relaxa o corpo, vou te levar pro quarto...— Respondi, no mesmo tom de voz, enquanto sorria. — Se você ficar nervosa vai ficar mais pesada, então colabora!

Ela riu baixinho, e então abraçou meu pescoço, diminuindo meu esforço. Eu podia sentir o calor da pele dela, da respiração dela, pelo meu pescoço... E eu nunca tinha carregado ninguém, aquilo pra mim era bem difícil, e quando eu cheguei no quarto deixei-a na cama e comecei a estalar os ossos dos braços. Bianca nos observava pela porta em frente, mas não disse nada quando eu a olhei, e fechou a porta antes que eu pudesse dizer boa noite. Então, fechei a porta do nosso quarto e fui me vestir. Assim que estava com meu pijama, fiquei parada, em pé, de frente ao espelho. Eu sempre gostei de me olhar no espelho.. É uma forma de não esquecer quem nós somos.

Para quem pode me ouvir sussurar. 24

Sua voz me dava arrepios, era linda... Mas sua forma de tratar as pessoas com quem dormia quebrava todo o encanto da garota maravilhosa que ela era. Estava minimamente vestida, e andava então em direção à cozinha. Mel estava lá, com uma expressão alegre. Entre as conversas que eu e Cláudia tivemos, ela me contou que Clarice havia combinado de ficar com Mel, contanto que ninguém mais soubesse além das garotas da nossa casa, e todas já sabiam do acordo, portanto ninguém contaria aos pais ou amigos de ninguém. Depois que fiquei novamente sozinha na sala, resolvi agir. Apanhei meus documentos no quarto e uma cópia do currículo que eu havia preparado durante as aulas e fui em busca de algum emprego. Todo mundo tava tomando vergonha na cara, eu também tinha que tomar!

Eu havia passado a tarde toda entregando currículos em lojas, empresas, e etc. Uma das lojas, a última, era cheia e rodeada de árvores espinhosas e eu dei um duro do cão pra passar por todas! Voltando para casa, assim que abri a porta, dei de cara com Júlia sentada no chão, debruçada no sofá onde Cláudia estava sentada. Ambas conversavam animadamente, enquanto eu entrei e murmurei um “Olá” cansado. Nisso, Cláudia levantou-se com pressa e correu até o quarto para onde eu tinha ido, perguntando:

— E então, já sabe se tem algo garantido?
— Não, mas devem me ligar durante essa semana... Nossa, estou exausta, devo ter andado mais de um quilômetro! — Resmunguei, jogando meu corpo na cama, já sem sapatos, e amarrotando toda a camisa que eu vestia.
— É pouco, folgada! — Riu a morena, sentando-se ao meu lado. — Eu já devo ter andado uns 7, só por causa do trabalho. Ei... Que é isso no teu braço?

(Isso o que?! Que foi que ela viu? Não se desespere, não pode ser uma barata...)

Quando olhei para meu braço, havia um corte de no mínimo 10 cm e meu antebraço, que começava pouco depois do pulso e que eu não havia percebido antes. E estava manchado de sangue ao redor, quase que manchando o braço todo.

— Nossa! Como foi que eu não vi isso?!
— Sei lá, mas é melhor cuidar logo, que não deve ter parado de sangrar ainda. — Disse a garota, correndo para apanhar a caixinha de primeiros socorros que deixávamos na cozinha. Bem provavelmente por causa da adrenalina liberada graças à grande caminhada que eu havia percorrido às pressas, eu não estivesse sentindo dor até agora. Mas foi só olhar o corte, e eu senti um ardor insuportável...

Quando Cláudia chegou com a caixa, logo apanhou o anti-séptico e espirrou-o sobre o ferimento. Nossa, como aquilo ardia! Logo depois, com duas gazes, a pequena fizera um curativo, enfaixando meu braço em seguida. Mel então passara em frente à porta perguntando o que havia acontecido. Disse que era um corte que provavelmente tinha sido causado por alguma planta onde eu estava, e que estava tudo bem. Depois de enfaixada, eu ouvi Bianca chamando para o jantar. Cláudia então se levantou e estendeu a mão para que eu me levantasse também. Eu gostava do jeito que ela me tratava...
Sentadas à mesa de jantar, todas estávamos plenamente de bom humor. Sim, cada uma perguntou sobre meu braço e eu expliquei a todas de uma vez, e elas ficaram menos preocupadas. Menos Júlia, que parecia me tratar como se eu fosse uma criança, me dizendo para tomar cuidado e repetindo que ela poderia cuidar de mim. Ela deve ter repetido isso 3 vezes durante a conversa. Quando foi repetir a quarta vez, Cláudia a interrompeu, alterando levemente o tom de voz:

— Tá, mas eu cuidei dela, pronto, chega!

Bianca olhou-a com desconfiança. Júlia mal abriu a boca: apenas abaixou a cabeça, com o rosto vermelhíssimo. As outras duas meninas apenas fizeram cara de espanto, retirando seus pratos vazios. Eu era a única que não comia salada?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 23

Era como se as paredes pudessem me ouvir sussurrar... Como se qualquer movimento que eu fizesse com cada uma delas fosse ser descoberto. Minhas confissões deviam ser secretas, e eu confesso... Que não amo nenhuma delas. Tenho Júlia como boa companhia, Bianca como boa amiga, e Cláudia como... Um segredo. Como um segredinho, daqueles que o tio malvado pede pro sobrinho inocente guardar...

Resolvi levantar e me vestir. Apanhei uma calça social, uma camisete, e um colete. O dia estava com jeito de chuva, mas ao invés de levar um guarda-chuva eu arrumei o cabelo da mesma forma de sempre, dividido ao meio e com as ondas meio desarrumadas. Saí do quarto e sentei-me ao sofá... Uma sensação péssima de peso, de incerteza, de nó na garganta. Uma vontade de chorar mal justificada... Uma vontade de voltar pra cama.

— Eu vou ter que escolher...— Sussurrava pra mim mesma. — Eu vou ter que saber o que é certo, eu vou ter que tomar decisões... Eu não quero!— Estas últimas palavras saíram de mim como um gemido. E eu devagar me encolhia no sofá, de meias, de olhos fechados, de medo... Até que ouvi uma voz falando, baixo, de volta:

— Você só pensa em si...— Disse Júlia, com calma. Quando virei para observá-la, estava enrolada num lençol, com marcas de mordida no pescoço. — Bianca é maravilhosa... Você devia dar valor a ela, como ela dá a você, já que valor a mim nenhuma das duas deu. Acredita... Que ela falou seu nome enquanto gozava?

Aquilo só podia ser mentira...
Eu não acreditava no que estava ouvindo, no que estava vivendo. Mas Júlia tinha razão... Eu não havia pensado em mais ninguém. Mas hoje, agora, as coisas estavam começando a se encaixar melhor. Bianca deve ter estado bêbada ou alta quando brigou comigo, e deve ter gostado tanto do sexo que pensou que era eu no lugar de Júlia, que deve ter feito tão bem quanto. Só pode ser isso! Eu não sabia o que dizer, e quando finalmente abri a boca, a loira virou as costas e foi até o banheiro, enquanto Bianca saía do quarto, o rosto vermelho, e a expressão desconcertada de quem havia acabado de decepcionar uma garota. Quando ela me olhou e viu que eu a observava, disse:

— Era só mais uma, mesmo...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 22

Segundo dia
"Afinal, será que amar é mesmo tudo?"

Seu despertador tocava insistentemente ao lado da cama, com aquele tipo de música que te faz acordar pensando numa aula de aeróbica. Quando abri os olhos, vi que estávamos abraçadas. Ou melhor: eu, encolhidíssima com o frio da noite, e ela com o corpo junto ao meu, me envolvendo com um dos braços e entrelaçada em minhas pernas. Era a primeira vez que eu não me sentia mal em estar sendo praticamente invadida em meu espaço pessoal por outra pessoa... Ela tinha uma forma aconchegante de me abraçar.

Foi abrindo os olhos devagarzinho, e quando me viu ao lado dela, pulou de susto, dizendo:

— CARALHO, HÁ QUANTO TEMPO ISSO TAH TOCANDO?!
— Calma, acabou de começar..— Respondi, me encolhendo debaixo do cobertor depois que ela deixou de me abraçar. — Vai pro trampo?

Ela já estava de pé, e se vestindo. Murmurou um "aham" enquanto colocava a camisa do uniforme, e sentou-se de novo na cama para vestir os sapatos. Eu apanhei o celular da garota e desliguei a música irritante.

— Valeu, estava me deixando tonta.
— Disponha..— E depois de dito isso, estava quase voltando a dormir quando senti ela deitando ao meu lado e tocando meu rosto. Quando abri meus olhos, ela sorriu, e me deu um selinho demorado...
— Não vai me desejar um bom dia?
Deixei escapar uma risada baixinha, sussurrando "Tenha um bom dia" enquanto a olhava, de forma carinhosa. Depois de pouco tempo, ela saiu, apressada. E eu fiquei deitada na cama... Tentando dormir, mas com uma idéia perigosa na cabeça.. A idéia de ter que conviver com mais 5 garotas que só pensam em amor e sexo.
Sabe, nunca fui perfeita e nunca quis magoar quem magoei ou deixar quem eu deixei. Era sempre tomada por impulsos, e eu sabia que então não seria diferente. Se três das garotas daquela casa queriam algo comigo, eu teria de dispensar no mínimo duas. Duas amigas... Duas pessoas que me conhecem bem, que sabem meus fracos e fortes... Duas das pessoas que sabem evitar minhas lágrimas ou provocá-las, e isso é valioso demais para ser perdido.

Para quem pode me ouvir sussurrar. 21

— Tem algo que você não me contou?
— Não que eu saiba...
— Ela parecia bem nervosa...
— É... E o pior é que eu não entendi nada do que ela estava falando! Deve ter bebido antes de voltar pra casa ou algo do tipo...

Eu não queria admitir o meu medo de ter dito à Bianca algo que eu não devia enquanto estava bêbada, e do qual eu não lembraria. Então, ainda em choque, fui a direção de Cláudia e ela abriu espaço para que eu entrasse no quarto. Sentei-me na cama e, cansada, pedi-lhe que apagasse a luz.

— Vou dormir também. Espera só eu por o pijama, e eu recomendo que você também ponha!

Eu tinha me esquecido que estava com as roupas do jantar! Então, nos trocamos sem pressa, e enfim pudemos nos deitar. Ela apagou a luz e deitou-se ao meu lado, uma de frente para a outra. Eu estava recostada na parede, e ela parecia se aproximar de propósito... Foi em pouco tempo, e já estávamos de mãos dadas, e os rostos próximos até demais... E por um instante, eu prendi minha respiração. Eu podia sentir a dela... Eu podia sentir o ar quente de seu corpo passando pela minha pele devagarzinho... Depois de um tempo evitando respirar, notei que ela percebera, e antes que eu pudesse voltar ao normal ela sussurrou:

— Respira... Não precisamos dizer nada, só respira... Eu quero te sentir aqui...

Será que eu estava começando a gostar de uma garota no primeiro dia em que nos falamos? Aquilo parecia um sonho... E eu tinha medo de que não fosse.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 20

A música mudou antes que eu me desse conta. O mesmo rapaz cantava agora "Versos Simples". E foi próximo à segunda estrofe que eu finalmente tomei coragem... E toquei seus lábios nos meus, prendendo a respiração, perdendo o fôlego, perdendo o chão... Era como se aquele fosse o primeiro beijo da minha vida, como se aquela fosse a minha primeira garota! Não só pelas afinidades e pela compatibilidade das conversas, mas porque era como se nossas bocas soubessem o que fazer, se conhecessem desde sempre... Como se minha língua soubesse pra que lado a língua dela iria...

Logo, uma de suas mãos estava entrelaçando meus cabelos, e puxava-os devagar a cada mordiscada que eu dava em seu lábio inferior... E enquanto ela me mordia com certa força, eu soltava suspiros excitados... Ao fim do beijo, era como se tivéssemos um passado e um futuro certos, era como se eu tivesse certeza de que iria viver ao lado dela...

Passamos parte da noite naquele bar, conversando e ficando. Quando eram 23h00, voltamos para casa. Bianca ainda estava acordada. Quando nos viu entrando de mãos dadas, parecia querer arrancar as nossas mãos...
— Onde é que você estava?! — Perguntou Bianca, e quando eu achava que ela ia brigar com Cláudia, ela veio me puxando pela mão e me levando até o quarto onde havíamos dormido na noite passada. Tive de soltar da mão de Cláudia, e quando percebi, já estava contra a parede, com Bianca respirando ofegante e bradando contra mim:

— Depois do que tivemos, depois da chance que eu te dei e estou te dando, depois de eu passar o dia todo fora ansiosa pra te ver, você faz isso comigo?!

Não, eu não estava entendendo patavinas. A gente tinha tranzado, e não casado! E eu estava bêbada, e ela se aproveitou de mim, eu sei, eu sinto!

— Ei... Calma aí Bih, ficamos juntas uma noite, não quer dizer que---
— Não acredito. Você mal se lembra...
— Bianca, vamos fazer o seguinte... Você me diz o que eu perdi, e eu entendo e não repito o erro, que tal? — Depois que eu disse isso, sorri como se fosse a coisa mais simples do mundo. E era! Poxa o que mais podia ter acontecido? Ela broxou? Ela nem tem pau, como vai broxar!? Tivemos grandes confissões e ela me disse que nunca amou ninguém? É bem capaz!

A minha sorte foi que, depois do que eu falei, o celular de Bianca tocou. Não me disse quem era, mas assim que desligou, me fez sinal para sair de perto da porta e abriu-a com força, indo em direção à sala e saindo de casa com pressa. Enquanto eu a observava, assustada, Cláudia me olhava frente a frente, na porta de nosso quarto.

Para quem pode me ouvir sussurrar.19

— O que? Nunca, com nenhuma?
— Nunca, mas sempre tive curiosidade! Sou amiga da Bianca faz tempo e ela sempre ficou com meninas, mas eu nunca tive coragem. Foi meio que assim que ela me convidou pra vir pra cá...

Uma garota que nunca havia beijado outra garota... Sinceramente, meu sonho de consumo.
Cláudia era interessantíssima. Mais alguns assuntos e, eu já estaria a convidando para jantar fora, em algum lugar tranquilo. Ela aceitou e assim que íamos saindo, Mel e Clarice entraram na sala, aos beijos ardentes, deixando a porta aberta. Deixamos elas passarem, e fomos pra um barzinho a pé mesmo.

Chegando lá, sentamos uma do lado da outra numa mesa perto da parede, e pedimos cada uma um lanche e continuamos conversando. Era incrível como não parávamos de falar! E eu estava adorando ouvir aquela voz, sentir a química que tínhamos, meio que sem querer. Eram também muitas as nossas diferenças, como gostos musicais, hobbies, crenças e etc. Como o bar era daqueles com MPB ao vivo, logo um rapaz começou a tocar, e nós estávamos bem de frente para ele. Nisso, ficamos em silêncio por um instante, quando eu disse enfim:

— Gostei de você!

Sim, eu sempre falava isso. Era o tipo de coisa que deixava as pessoas mais encabuladas, e eu adorava vê-las daquele jeito. Então, ela sorriu, olhando para baixo com o rosto corado. Enquanto isso, ouvia-se ao longe o rapaz cantando "Estranho seria se eu não me apaixonasse por você...". Enquanto ele continuava a canção, nós trocamos olhares... Olhares ternos, olhares simples... E ela respondeu:

— Eu também gostei de você...

Era simples. Ainda nos olhávamos, e minha mão tocou a dela com calma. Era macia... Era suave, como se combinasse com a minha. Eu sorria, ainda olhando-a nos olhos, até que ela desviou o olhar. Era mais tímida do que transparecia... E foi quando eu e aproximei de seu rosto, com calma, e esperei que ela virasse de novo. Quando enfim tornou a me olhar... Estávamos a menos de um palmo de distância uma da outra...
Ficamos ali por alguns segundos... Ela parecia querer fugir, e ao mesmo tempo se entregar, como a criança curiosa que tem medo de descobrir que não era bem aquilo que ela esperava. Toquei, com a outra mão, o rosto da garota... Estava quente, mas não febril, e ela parecia nervosa... Mas era como se eu dependesse daquilo... Era como se eu precisasse... Como se nada fosse mais certo e mais calmo do que um primeiro beijo...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.18

— Não sei pra que tanta vergonha... Teu corpo é lindo.
(Eu não sou do tipo que fica quieta. Meio bêbada então...)
— Ah... Você gostou?— Perguntei, maliciosa. Ela parecia ter ficado intimidada com o fato de eu ter retribuído a investida. Então, eu comecei a aproximar o corpo do dela, pressionando-a contra a parede, enquanto segurava a minha toalha com uma das mãos. E eu sorri, sussurrando:

— Vai dormir do meu lado por muito tempo, então é melhor se comportar.

E saí do banheiro, com as roupas nas mãos, indo até nosso quarto e trancando a porta para me vestir.
Assim que terminava de vestir minha roupa íntima, ouvi batidas na porta.

— ABRE ESSA PORTA! — Bradou Cláudia, rindo alto da brincadeira que eu tinha feito. Vesti meu short e abri a porta, usando um top esportivo no lugar do sutiã.
— Vai se comportar?
— Não sou nenhuma criança! — Riu-se, entrando no quarto e fechando a porta logo atrás. — Não tenho porque me comportar... E outra, eu estava me organizando, com você aqui esse quarto vai virar uma biblioteca que eu sei.

Ela sabia mais de mim do que eu pensava! Ríamos, tranquilas, enquanto nos sentávamos à cama. Era pequena, e encostada na parede. O quarto era todo cheio de bugigangas cor-de-rosa ou roxas, tênis jogados no chão, e um sutiã florido pendurado no canto da cama. Quando eu vi aquilo, comecei a rir enquanto ela corria para apanhá-lo e guardar em algum lugar.

— Não sou nenhuma visita, você vai ver os meus por aí também!
— Não quero ver só seus sutiãs...

Depois disso, nos olhamos. Ela era maliciosa, e sabia como me levar... Sabia o que dizer pra me provocar, mas parecia ter medo de que eu retribuísse. Continuamos conversando depois daquilo. Falamos de tudo: Ela era como eu, do sul da capital São Paulo, e pintava o cabelo de preto, gostava de gatos, era pouco mais nova que eu, cozinhava, e o que mais me impressionou:

domingo, 12 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.17

Abri os olhos, finalmente, apanhando o short e a camiseta que ela havia pegado pra mim, sem vesti-los, apenas deixando-os em minhas mãos. Eu estava realmente assustada de ter perdido um bocado de informação. Mas, na verdade, o que eu queria era dormir o dia todo. Amanhã eu procuro um emprego, amanhã eu começo o regime, amanhã eu tomo banho, amanhã eu lavo o cabelo, amanhããã!!!

— Posso ir dormir no nosso quarto, então? Meu corpo tá doendo todinho, e eu tô tonta...

— Até pode...— Disse Claudia, relutante — Mas toma um banho antes, você vai se sentir melhor. Consegue?

Antes de responder, me levantei. E tentei fazer aquele 4 com as pernas, para saber se eu estava em condições. E quem disse? Eu não conseguia nem olhar pra cima, de tão desnorteada! Nunca mais eu bebo, cara...
Logo ela percebeu que eu não conseguiria. Então, riu baixinho, e me estendeu a mão. Eu mal perguntei ou pensei, apenas segurei na mão dela. Fui andando, de cabeça baixa e olhos fechados, até que ouvi ela trancando uma porta atrás de nós. Estávamos no banheiro.
— Vai lá, toma um banho, eu espero aqui fora do box, e caso você caia ou passe mal eu te ajudo.— Disse a pequena, sentando no chão do banheiro e sorrindo para mim. Eu a olhava, meio que sem entender, mas acabei aceitando a ajuda da garota. Claro que não me despi na frente dela, entrei no box e de lá tirei minhas roupas e deixei-as no chão do banheiro, do lado de fora do box. Tinha que ficar com a cabeça abaixada o tempo todo, para não piorar a tontura. Depois de algum tempo, eu já conversava com ela:

— E o que você vai fazer?
— Bem, eu já consegui um emprego como atendente de uma clínica ortopédica, é bem tranqüilo. Não tenho vontade de fazer faculdade por enquanto. Você tem cara de inteligente, faz alguma coisa?
— Estudei muita química e física, mas prefiro a área de humanas e--

ERA O QUE FALTAVA! Escorreguei assim que estava desligando o chuveiro, e quase caí no chão. Com o susto, perdi a força nas pernas e deixei o corpo escorregar devagar pela parede, sentando nua no chão do box. Sorte que estava limpo. Logo Cláudia abriu a porta, assustada, e se ajoelhou perto de mim. Eu estava encolhida, rindo feito uma idiota da minha própria cara. Quando ela notou, começou a rir comigo, enquanto estendia a toalha pra eu apanhar, e a mão pra eu levantar. Assim que eu levantei, cobri meu corpo com a toalha. E logo ela sussurrou:

Para quem pode me ouvir sussurrar.16

— Bom dia, gata...
Nisso, beijou meu pescoço devagar, fazendo todos os cabelinhos do meu corpo se arrepiarem... — Você aguenta bem a bebida, nunca vi ninguém tão boa na cama depois de meio litro de vodka...

Boa? Eu? Caramba, e eu nem tava sabendo...
— Vou procurar emprego hoje e como as gurias não chegaram, tu fica aqui com a Cláu.
Continuou Bianca, enquanto se afastava de mim para preparar o café. Ela estava plenamente vestida, com seu toque social, realmente parecia quem ia procurar um emprego. Depois que falou de Cláudia, sua expressão mudou, e logo ela engoliu a última gota de café e saiu andando, tocando meu ombro em sinal de despedida. Assim que eu a ouvi fechando a porta, fui até a sala e joguei-me ao sofá. Não estava nada a fim de me vestir...

— Se você continuar despida assim, vou achar que está querendo provocar alguém.— Disse Cláudia, aparecendo do meu lado com as mesmas roupas de antes e sentando-se no chão, ao lado do sofá onde eu estava. Graças ao tapete sempre limpo, não era um problema sentar no chão, e quando ela recostou o rosto perto de meu ombro, continuou: — Já sabe o que vai fazer agora que terminou o colégio?

Ela era curiosa, e isso me intrigava. E quando virei-me para olhá-la nos olhos vi que nos mesmos havia algum tipo de vermelhidão diferente, como se estivessem irritados... Fora isso, o rosto dela parecia ser perfeito...

— O pior é que não sei.. Tenho dinheiro guardado na poupança, que meu pai me dá, mas preciso trabalhar... Que tem no teu olho? Tá verme---

— Lentes de contato.— Respondeu Cláudia, antes mesmo de eu terminar a frase. Eu ri baixinho, e lancei-lhe um olhar de quem entende como é. Pouco a pouco, meus olhos começaram a se fechar, devido à dor, e quando estavam completamente fechados, senti que ela me tocava devagar, e sussurrava perto do meu rosto:

— Você ainda está quente, deve ter dormido bastante... Fica aí, vou trazer algumas das tuas roupas, se alguém entra e te vê assim, vai ser vergonha nacional.

Porque ela me tratava tão bem? Eu nem a conheço direito...
Quando ela se levantou, vi que correu até o próprio quarto. E voltou.. Com minhas roupas! Eu não entendi absolutamente nada, até que ela notou minha expressão perdida e disse:

— Okay, vou te explicar tuuuuuuuudo o que você perdeu. Devia ser umas nove horas quando tu chegou com a Bia, e vocês estavam num fogo tamanho que foram direto pro quarto dela e da Jú. Enquanto vocês faziam barulho o suficiente pra despertar a curiosidade da casa toda, a Jú resolveu que ia dormir fora, e as duas gurias que eu ainda não conheci nem chegaram a vir pra casa. Como elas são um casal, e a Bia nunca pegaria a Jú, os quartos foram divididos assim, você portanto dorme comigo. Só que temos só camas de solteiro na casa, então vai ter que se espremer.

(Ah, agora tudo faz sentido. Agora meu mundo se abriu num novo leque de possibilidades. Agora tudo é claro e tudo é limpo e lindo e belo, EU PASSEI A NOITE FODENDO A BIANCA?!.)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.15

— Não... Eu sou a de ressaca que nunca bebe e resolveu exagerar ontem à noite...
Eu não conseguia ser muito alegre, minha cabeça podia cair a qualquer instante e eu tinha que segura-la. Sentei-me à mesa e abaixei a cabeça, como se esperasse a dor passar sozinha. Alguns instantes depois, ouvi os passos da garota, enquanto ela se sentava ao meu lado, tomando achocolatado. Parecia uma criança...

Levantei-me na MAIOR BOA VONTADE pra preparar meu café. (Custava oferecer ajuda? Tô bêbada, pombas u.u'). Depois de pronto, sentei-me ao lado dela. A única coisa que ela disse foi:

— Se sente confortável andando assim pela casa? Não que me incomode, mas você parece tão mal que acho que nem notou que está de calcinha e sutiã...

Claro que eu sei que estou semi-nua e descabelada, mas você acha mesmo que eu ligo?!
— Ah, sei sim, não se preocupe!
Sorri, simpática, a dor ainda forte mas melhorando conforme eu tomava o café. Então a garota se levantou e apanhou um pequeno comprimido numa bolsa ao canto da cozinha, e me entregou. Era um daqueles comprimidos anti-pessoa-que-bebeu-pra-caralho, você toma e fica sóbrea e sem dor de cabeça! Pelo menos é o que a propaganda diz.

Agradeci baixinho, enquanto ela voltava a se sentar. Com uma voz macia, boa de se escutar, ela disse, estendendo a mão:

— Prazer, Cláudia! Fiz o colegial normal e vim pra cá quando soube que haveria uma república feminina. Arrumei a casa pra quando vocês chegassem.

(Além de tudo, ela ainda é prendada, arruma a casa, é comunicativa. E gente!! Eu adorei esse sorriso...)

— Ah, muito prazer! Sou a Gabriela, a menos problemática das gurias.

Eu sei que aquilo havia sido narcisista, mas era verdade. Uma vadia, um casal de desreguladas e uma garota que pega e larga 10 pessoas diferentes em uma semana, fazendo as 10 se apaixonarem.. Eu era bem comum com minha mania de nerdisse.

Ainda nos olhávamos. Eu sorria, com o olhar cansado, e ela também. Quando ela finalmente desviou o olhar, parecia tímida, e riu baixinho enquanto se levantava e arrumava a cadeira. Tocou meu ombro em forma de despedida, e foi para um dos quartos, provavelmente onde ela havia dormido. Não havia nenhum mísero som na casa toda... E eu me sentia pesada como uma rocha. Depois de algum tempo, ouvi finalmente passos no corredor, e quando olhei, Bianca andava em minha direção. Ao chegar perto de mim, massageou meus ombros e abaixou-se até chegar ao meu ouvido, sussurrando:

domingo, 5 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 14

Primeiro Dia
"And breathe... Just breathe..." (Anna Nalick)

É incrível como um ser humano pode ser frágil, fraco, fácil... Como a vida de uma pessoa pode mudar com um jogo, com uma garrafa, com um beijo, um momento talvez... A última coisa da qual eu podia me lembrar enquanto abria os olhos com esforço, tentando encontrar um foco e um modo de amenizar minha dor de cabeça, era de que eu estava viva. O resto tinha sumido completamente dos meus sentidos. Virei-me para o lado, em busca de um cobertor, e acabei por tocar em Bianca (O que eu só fui perceber mesmo quando abri totalmente os olhos e a vi). Estava quase nua, e adormecida. Estávamos numa cama pequena, de solteiro, e tudo o que eu queria era uma xícara de café do tamanho da garrafa de vodka de ontem, só que desta vez eu tomaria inteira. A cafeína vicia uma pessoa, e eu sou facilmente “viciável”.

Caminhei preguiçosamente até a cozinha, sem me preocupar em estar usando apenas minha roupa íntima. Meu sutiã ainda tinha certo cheiro de limão, e eu com certeza o lavaria mais tarde. Quando finalmente cheguei ao aposento, avistei outro corpo feminino, este um pouco mais baixo e mais vestido. Como estava de costas, não pude reconhecer, mas tinha certeza de que não era nenhuma de nós 5. Seus cabelos negros tinham um corte moderno, e as pontas mais longas da frente davam voltas singelas e delicadas para fora, mas isso era tudo o que eu conseguia ver além das costas bem definidas da garota. Vestia uma regata branca, e eu podia ver o contorno exato de sua cintura, enquanto os shorts minúsculos deixavam à mostra coxas das quais eu nunca tive a consciência que poderiam existir tão belas. Talvez por ser baixa, não tinha as canelas finas e sem graça das garotas que dormiam comigo naquele colégio, e estava descalça mostrando pés pequenos e baixos. Meus pés eram altos, literalmente: Eu apenas calçava 39 pois o peito de meus pés era mais alto que o normal, devido ao tamanho exagerado de minha massa óssea. Sussurrei, quase explodindo de dor:

— Bom dia...
A garota quase pulou de susto ao me ver!

— Ah, bom dia... Júlia me disse que todas acordavam super tarde, você é a quebra-regras por acaso?

Que olhos... Eram castanhos e qualquer um que não fosse grande admirador da beleza simplista diria que eram olhos quaisquer, mas eram lindos... Olhos quase de mulher, quase de gato, como se estivessem a espreita desde que eu estivera deitada em primeiro lugar, como se soubessem o que eu estava pensando só de me olhar... E um sorriso desafiador e debochado.

domingo, 4 de abril de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.13

[...] E, enquanto eu estava para abotuar a blusa, a loira estonteante se vingou:[...]

▬ Vai lá, Bia, limpa você então a coitadinha, senão ela vai voltar grudenta pra casa.... — Disse, com a voz amarga e vingativa e ao mesmo tempo como se querendo se guardar para tentar de novo outro dia ▬Mas não aqui, vão no banheiro! E eu encontro vocês em casa, a entrada já tá paga então nossa república está feita. Beijos, divirtam-se!

E ela deu aqueeela piscadinha. Só estávamos eu, Bianca, e uma garrafa de vodka.

Ela me puxou pelo braço, enquanto segurava a garrafa na outra mão. Não usávamos bolsas, e a conta havia sido paga, portanto éramos nós, e a vodka, no banheiro. Ela tomou metade da garrafa de uma vez só, e me entregou!

(VODKA?! Se eu não bebo nem licor de trufa!)

Entornei a garrafa. Não era tão difícil enquanto o líquido amargo estivesse em contínuo fluxo pela garganta, mas depois de muito tempo que eu consegui terminar, meu corpo parecia que podia explodir a qualquer momento. Mas eu não tive tempo nem de ficar tonta. Bianca já segurava minhas mãos, deixando a garrafa no chão, e me puxando devagar pra perto. Seu sorriso era malicioso, e lindo... Sua boca não era nem muito pequena, nem muito grande, era como se ela inteira fosse moldada à mão, seus dentes da frente eram ligeiramente maiores que o comum, sobressaíndo pelos lábios que se aproximavam cada vez mais de meu pescoço...

Logo ela estava me beijando a pele com vontade. O calor de sua boca em encontro com meu pescoço, com meu colo, se aproximando de meus seios... Tudo o que eu conseguia fazer era puxá-la pelos cabelos da nuca, enquanto sentia meu corpo esquentar, minha respiração mais forte, e minha calcinha mais úmida... Eu nunca imaginei que teria aquela garota entre as minhas roupas, pelas minhas curvas... E enquanto ela roçava a ponta da língua na minha pele, ora voltando ao pescoço, ora se agachando à minha barriga, seus dedos foram se aproximando dos botões de minha calça... Foi pouco tempo até que minha calça estivesse no chão e seus dedos afastassem minha calcinha do caminho. Ela estava ajoelhada na minha frente... E eu, encostada na parede, só pude sentir quando ela fez minha perna apoiar em cima do ombro dela, abrindo-a de forma que pudesse beijar meu sexo... E beijava-me as coxas, a virilha, como se estivesse me provocando... Hora ou outra eu podia sentir a ponta de sua língua roçar nas regiões mais sensíveis..


Depois disso, a única coisa que eu me lembro é de um enjôo insuportável chegando em casa.

{ Fim da Introdução }

Para quem pode me ouvir sussurrar.12

[...]▬ Abre a sua blusa até o umbigo e deixa cair umas gotas do teu suco. Agora, quem vai desafiar quem a lamber, aí é outra história![...]

A mesa riu como se aquilo fosse simples! (Eu ia chamar a atenção do bar inteiro se desabotoasse o PRIMEIRO botão!). Quem não aceitasse os desafios, no nosso grupo, geralmente era punida durante dias ou semanas, com surpresas desagradáveis como aranhas no sapato, ovos podres dentro da bolsa, ou tinta fresca amarelo-ofuscante nas cadeiras onde fosse sentar. E lá fui eu... Abrir quase toda a minha blusa e fingir que ia tomar minha limonada suíça preciosíssima só pra deixar escorrer. Senti arrepios quando o líquido contornou a curva do meu seio e passou pelo detalhe vermelho bordado no meu sutiã que, além de nada discreto, ainda tinha que ser preto. Eu estava quase encolhida enquanto escolhia o castigo pra Clarice!

O suco estava ainda gelado na minha pele quando eu tive a idéia:

▬ Eu te desafio a, assim que lançar o desafio da Júlia, ir atraz da Mel e conversar com ela até ter certeza de que ela vai ficar bem.

Clarice parecia irritada com meu desafio. Mas, pra piorar, eu disse "Você tem vinte segundos". Assim que ela percebeu Bianca e Júlia estavam dispostas a cometer atrocidades caso ela não aceitasse, ela jogou o primeiro desafio que lhe veio em mente e correu atraz de Mel, só para não apanhar, vadia, folgada ah!

▬ Júlia, vai ter que se vestir de homem da próxima vez que sairmos!

E lá se vai a recém-cínica. Júlia não acreditou no desafio, não acreditou na correria, e fez cara de desapontada, e olhou pro meu decote! Um olhar malicioso, de quem queria ter sido desafiada a limpá-lo... E, enquanto eu estava para abotuar a blusa, a loira estonteante se vingou:

Para quem pode me ouvir sussurrar.11

[...]Só que, desta vez, eu não poderia aprender pouco a pouco... Seria aterrorizante.[...]

Eu ainda estava atônita com a situação de Mel e Clarice, e não consegui continuar a resposta. Então, olhei nos olhos de Bianca. Não sabia o que perguntar... Não sabia o que fazer, ou que expressão facial deveria mostrar pra fingir que estava plenamente segura. (A mulher era o demônio, o que a gente pergunta pro demônio? 0.o')

Enquanto Bianca retribuía o olhar, quase que fuzilante, Clarice chamava o garçom e Júlia pigarreava como se quisesse quebrar o silêncio. Eu ia ter que improvisar...

▬ Ahn.. Bom... Existe algo ou alguém que você sempre quis e nunca conseguiu?

(Duvido, a Bianca é, tipo, o Obama, saka? É só ela estalar os dedos e a Ásia afunda.)

▬ Sim... Alguém. Alguém que desafia todos os meus ideais, que é de um polo oposto ao meu, que tem outros objetivos de vida... Que me faz pensar se eu estou sempre certa... E que me dá vontade de tranzar durante 5 dias e noites sem parar.

(POXA, deve ser boa mesmo!)

A mesa, novamente, ficou em silêncio. Antes da rodada de desafios começarem, Júlia exclamou:

▬ Agora podemos fazer uma de frente pra outra! Eu desafio a Gabby, ela me desafia, e vocês duas idem!
(Tá louca pra me desafiar a te beijar né, vadia...)

▬ Não — Disse Clarice ▬ Dessa forma é muito vingativo, aposto que a Bia vai ser cruel comigo se for assim.

Quem falava de crueldade... Quem falava como se nada tivesse acontecido! Aquilo era horrível de se presenciar, era nojento... E então, Bianca mal precisou me olhar para lançar o desafio:

▬ Abre a sua blusa até o umbigo e deixa cair umas gotas do teu suco. Agora, quem vai desafiar quem a lamber, aí é outra história!

domingo, 28 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.10

[...]E eu imaginei completamente errado.[...]

▬ Quero prestar uma boa faculdade... E... Criar uma família.
▬ Ah, que lindo, amor! — Disse Mel ▬Vamos ter um filho, então?
▬ Não, Mel... — Falou Clarice, baixinho ▬ Uma... Uma família de verdade.

A mesa inteira ficou em silêncio. Era como se Clarice tivesse cravado o palito de dentes dos petiscos no olho de Mel. Aquilo, sinceramente, me quebrou o coração...

"Uma família de verdade". Nunca imaginei que Clarice fosse capaz de dizer aquilo, de sentir aquilo, de falar na frente das amigas algo tão cruel, tão mesquinho... Assim que Mel captou a mensagem, levantou-se e saiu andando, bolsa em mãos, deixando só um guardanapo com um número de telefone que tinha escrito para Bianca antes do jogo começar. Clarice, porém, como se quase inabalada, virou os olhos na minha direção e perguntou:

▬ Qual é o seu maior medo?

Medo... Medo nunca fora algo sobre o qual eu pensara. Eram detalhes que formavam um medo, eram sonhos, eram traumas... Eu era comum demais para ter um medo maior, um medo grandioso. Até que algo me veio em mente...

▬ Perder a memória... — Respondi, com um olhar perdido ▬ Esquecer quem eu sou, ou quem eu fui... Esquecer quem eu amei, quem me amou, esquecer o que eu estudei, esquecer o que eu acredito ou acreditei, esquecer quais foram meus penteados e quais eram minhas roupas há alguns anos atrás... Seria como nascer de novo. Só que, desta vez, eu não poderia aprender pouco a pouco... Seria aterrorizante.

Para quem pode me ouvir sussurrar.9

[...]▬ Er... Qual é seu trauma de infância?[...]

Todo mundo tem um trauma de infância, por menor que seja. Desde um susto muito grande até uma perda muito grave. Júlia fez careta de quem pensa pra responder, mas foi incrível como a sua resposta foi vaga...

▬ Quando meus pais resolveram me mandar pro colégio interno! Sei que eles fizeram isso porque acharam que era melhor, mas na época eu senti como se eles quisessem se livrar de mim...

E o silêncio pairou sobre nossa mesa. Poxa, que traumatizante. Tá bem, não é nenhuma experiência maravilhosa, mas acho que algumas pessoas na mesa deveriam ter traumas piores. Todas aceitaram a resposta, e Júlia então perguntou para Mel:

▬ Você já traiu a Clarice?

(NOSSA na cara da garota e ela pergunta isso 0.o)
Mel respondeu com calma:

▬ Não, nunca tive vontade.. Ela foi sempre tudo pra mim e eu nunca precisei de mais ninguém!!! Depois da linda resposta romântica, elas se beijaram, e tudo ficou lindo. Como Mel confiava na namorada, mal pensou em perguntar a mesma coisa, então mudou de rumo:

▬ Amor, o que você pretende fazer daqui pra frente?

Clarice engoliu seco. Parecia de ter medo de responder. Quando ouviu Júlia sussurrando "Não vale mentir..", seu rosto enrubesceu, e seus olhos fixaram diretamente o copo que ela segurava com as duas mãos, sobre a mesa. Eu já estava imaginando o que ela poderia responder... E eu imaginei completamente errado.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.8

[...]Realmente, meu pai tinha ligado...[...]

Meu pai era um senhor muito respeitável, e perfeitamente mente-aberta. Havia me ensinado coisas incríveis... Todo ano, em Setembro, quando a chuva ficava fazendo barulho nas janelas de casa, ele sentava na frente de uma e me contava alguma curiosidade. Muitas ele repetia conforme os anos passavam, e foram mudando de época depois que eu entrei no colégio interno, passando a ser contadas no calor de Dezembro. Eu sabia que Bia nunca teria dito aquilo a ele... Ele era muito sensível, mesmo passando a imagem de homem respeitado e temido, e já tinha mais de 70 anos. É como ele dizia... Os anos passaram rápido.

Sentadas à mesa do bar, eu e as garotas conversávamos, falando alto. As 5 inseparáveis se juntaram n'outra mesa, não por rivalidade nem nada do tipo, mas só porque não cabia todo mundo em uma mesa só. Ficamos, portando, 5 em cada mesa. Enquanto eu me sentava, Bia virava o rosto e passava uma impressão de desdém, enquanto Mel contava de alguma situação engraçada da qual ninguém riu, devido à falta de clima. Depois de alguns segundos de silêncio constrangedor, Clarice deu uma de suas idéias bizarras:

▬ Vamos jogar "dedos iguais"?

Júlia logo aceitou! (Ê prostivagaranhalinha do capeta) Mas eu e as outras garotas ficamos quietas. "Dedos Iguais" é tipo "dois ou um", só que quem tira o mesmo número não sai: se beija. Bia deu uma idéia melhor:

▬ Não... Vamos jogar "verdade ou desafio". Mas ele vai ter uma ordem: gira no sentido horário, depois no anti-horário. Por exemplo: Eu pergunto pra Jú, que tá do meu lado esquerdo, e assim vai. Quando chegar em mim de novo, muda de lado.

As garotas aceitaram, com uma condição: Uma rodada era de verdades, e a outra, de desafios...

(Quero ver no que isso vai dar...)

Bianca começou perguntando à Júlia, logo de cara:

▬ Er... Qual é seu trauma de infância?

Para quem pode me ouvir sussurrar.7

[...]▬ Eu te amo...[...]

(O QUE?!?!?! Me ama?!?!?! Agora, sim, tô num beco sem saída. Ela só pode estar bêbada. Mas ela nem bebeu! Só pode ser uma brincadeira. Tá, calma Gaby, respira fundo, pensa que ela é realmente boa, mas ela te ama, você não pode fazer nenhuma besteira, você não pode quebrar o coração dela, não pode!)

▬ Eu não.
Respondi. (EU RESPONDI ISSO? IMBECIL! Ela vai te afogar na privada, ela vai quebrar seus dedos um por um com os dentes dela, ela vai se suicidar na sua frente, ah!) Ela parou por alguns instantes, me olhando constrangida. Depois, como se quisesse concertar a situação, disse:
▬Não ligo... Pode me comer assim mesmo!

(Mano, que vagabunda. Se bem que eu tô na seca faz tempo... Aff, mas ela vai ficar no meu pé, tipo, pra sempre... Ah, mas já que insiste!)

Eu sorri ao que ela disse, e voltei a beijá-la. Porém, no instante em que eu estava novamente levando minha mão para dentro da blusa dela, ouço na porta:

▬ Gabriela, seu telefone tocou, era seu pai, ele mandou dizer que está orgulhoso de você ter terminado o colegial mas desligou na minha cara quando eu disse que te daria o recado depois que você terminasse de comer a Jú... Não sei por que!

Era Bianca. Ela parecia irônica nervosa. Júlia me olhou assustada, e eu estava realmente fodida se aquilo era verdade! Saí correndo do banheiro e fui olhar no meu celular. Realmente, meu pai tinha ligado...

domingo, 21 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.6

[...]Júlia me segurava pela mão o caminho todo. [...]

Chegando no bar, a música alternativa altíssima quase me ensurdecia! As garotas logo escolheram mesas e fizeram pedidos. Júlia não soltava da minha mão nem por um segundo. (Quem liga se ela é fresca?!) Quando, num momento em que todas conversavam, ela sussurrou ao pé de meu ouvido:

▬ Vem comigo?

Não entendi pra onde, mas logo ela levantou, me puxando pela mão e caminhando em direção ao que eu entendi ser um banheiro. A porta não tinha muita sinalização, e eu só consegui ver a bonequinha quando cheguei bem perto, mas aí já era tarde demais: Júlia, a loira, a boa, a que todo mundo sempre quis pegar, estava me levando com ela para dentro do banheiro. Mal havia fechado a porta, quando eu perguntei:

▬ O que é que você tá fazendo!?

Em resposta, a garota aproximou o corpo do meu, e me beijou. Um beijo de quem estava morrendo de vontade há muito tempo... E, enquanto me beijava, puxava a minha cintura com uma das mãos, enquanto segurava minha nuca com a outra. O beijo estava ficando cada vez mais forte, quando eu resolvi me entregar e segurá-la pela coxa esquerda, enroscando-a no meu quadril. O barulho era muito do lado de fora, e o calor que ela emitia era talvez dez vezes maior do que o da pista de dança...

De repente, ela interrompeu o beijo, isso quando eu já estava quase tirando a blusa dela. E ela me olhou nos olhos, de uma forma que eu nunca a vi olhando pra ninguém.

▬ Eu te amo...

Para quem pode me ouvir sussurrar.5

[...]▬ Fora desse lugar, eu dou um jeito em você... [...]

O que passou pela minha cabeça numa fração de segundo? “Dá um jeito, mas dá com tudo, me come, mas não faz isso agora não!”. Mas tudo o que a garota fez foi beijar o canto dos meus lábios... Sem deixar de me olhar. Seu olhar parecia ser capaz de perfurar paredes, de tão intenso, e a cor indefinida de seus olhos era hipnotizante... Era como se só ficassem realmente verdes quando ela quisesse, mas naquele instante estavam tão escuros que beiravam o azul marinho ou preto. E então, como se aquele momento fosse o mais simples que já tivesse lhe ocorrido, ela saiu andando para o Salão de Eventos, onde ocorreria a despedida das alunas... Comigo logo atrás.

O Salão estava simplesmente lotado! E o barulho era infernal, era como se todas falassem ao mesmo tempo sobre as mesmas coisas: futuro, carreira, família. Eu logo fui até o meu lugar e fiquei sentada até que a cerimonia começasse.

A maldita cerimonia durou DUAS HORAS!

E duas horas depois, lá estava eu, saindo daquele colégio, com meus 18 anos recém obtidos e a minha vontade de sair correndo daquele lugar. Foi quando as outras 9 garotas do meu dormitório vieram falar comigo. Além de Bianca, Júlia, Mel e Clarice, haviam as 5 que não se separavam: Sarah, Mariana, Thaís, Bruna e Rafaela. Eram todas basicamente iguais: notas baixas, comportamento regular, assuntos fúteis, eram quase Barbies. Eram boas, admito, e era interessantíssimo vê-las brigando com os travesseiros de noite. Pena que acabou...

▬Vamos pro primeiro bar que tiver no caminho, beber até cair no chão e ver dobrado?.
Convidou Júlia, me puxando pela mão antes de ouvir minha resposta. Como as malas das alunas eram despachadas para casa antes do último dia, tudo bem, nem ligo, vamos beber suco de limão. Por incrível que pareça, o bar mais próximo era realmente próximo, e chegamos lá dentro de uma hora, caminhando a pé. Júlia me segurava pela mão o caminho todo.

sábado, 20 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.5

O que passou pela minha cabeça numa fração de segundo? "Dá um jeito, mas dá con tudo, me come, mas não faça isso agora!". Mas tudo que a garota fez foi beijar o canto dos meus lábios...Sem deixar de me olhar. Seu olhar parecia capaz de perfurar paredes, de tão intenso e, a cor indefinida de seus olhos era de hipnotizar... Era como se eles ficassem realmente verdes quand oela quisesse. Mas naquele instante estavam tão escuros que beiravam o azul marinho ou preto. E então, como se aquele fosse

quinta-feira, 18 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.4

[...]Ah, problema dela se ela quer morrer virgem![...]

Enquanto Bianca se vestia, eu a observava. Ela era inatingível. Rezava a lenda que nenhuma garota tinha conseguido fazê-la se apaixonar, e pior, nunca ninguém a fez ter um orgasmo decente, perto dos orgasmos múltiplos que ela já havia causado nas poucas garotas com as quais se relacionou. A minha fama de demônio e a fama dela de deusa estavam bem no páreo, não fosse a grande popularidade positiva dela e, a minha grande falta de vida social plenamente ativa. Ela era realmente linda...Não tinha nada de exagerado no corpo e, não era aquela gostosa de parar o transito, mas era linda. O uniforme cor de sangue das roupas que tínhamos que usar, naquele dia só ficava bonito nela. Deve ser por causa do cabelo. Adorava o cabelo dela, era arrumadíssimo e, quase tão curto quanto de um garoto, mas ela levava um tempão pra deixar ele no lugar. Depois que estava arrumada, olhando-se no espelho, fez algo que anda fazendo muito ultimamente, olhou na minha direção e sorrio.

▬Bom dia Gab!
Falou com sua mania de internacionalizar todos os nomes. ▬Está bonita hoje!

Fiquei sem reação. Eu estava bonita? Eu tinha acabado de acordar! Meu cabelo deveria estar parecendo um ninho de sei lá que bicho faz um ninho tão estranho.E pior é que eu fui inventar de cortar ele curto também e agora ela não fica quieto, e você diz que eu to bonita?

▬Ah, obrigada...!
Respondi, num tom não muito tímido, como quem está acostumada a receber elogios.Tem que manter a pose .
▬Deve ser a lua...Ela deixa as pessoas mais bonitas quando é observada com calma.
Bianca acabara de me dar um tapa na cara com o que havia dito. É, ela me viu!! De alguma forma, mas ela sabia que eu estava lá...E não fez nada....Deixou que eu a observasse...Será que tem alguma coisa aí? Não sei bem, só sei que assim que terminou de falar ela veio andando em minha direção e, parou a um passo de distancia...E sorriu, olhando fundo nos meus olhos, levando o dedo indicador à própria boca, em sentido de segredo...E permaneceu ali. Até que todas saíssem do quarto, todas nos observando, todas cochichando, dez garotas falando ao mesmo tempo sobre aquela pseudo-ruiva parada na frente de uma garota cruel e chata, que não sabia o que fazer com o próprio cabelo cor-de-ébano. Depois que todas saíram...Ela simplesmente se aproximou do meu rosto e sussurrou:

▬Fora desse lugar eu dou um jeito em você....