quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 34

— É.— Respondeu, seca, como se quisesse que eu insistisse para não ser sua namorada, para continuar solteira. Como se ela esperasse que eu fosse dizer que era cedo demais, que eu precisaria pensar...

— Tá bem! — Respondi, sorrindo cordialmente.

Ela estava incrédula! Como assim, aceitar uma proposta dessas, uma ordem dessas, sem titubear?! E quando ela me olhou com seu ar imponente e surpreso ao mesmo tempo, larguei as sacolas e levei minha mão até sua nuca, puxando outro beijo e, por fim, mordendo seu lábio inferior com força o suficiente para arrancar-lhe um gemido de dor, encerrando assim o beijo.

— Agora você vai ter que aguentar a garota mais romântica e pegajosa que já existiu. — Brinquei, soltando-lhe a nuca e apanhando as sacolas de novo, fazendo então um sinal com a cabeça para que ela viesse comigo. Ela me seguiu, ainda com uma expressão surpresa, mas depois de um tempo, quando chegávamos em casa, ela me impediu de abrir a porta, dizendo:

— Só vamos contar pras meninas depois que a Bianca melhorar desse surto. Mas vê se fica longe dela!

Ri baixinho para que as meninas não ouvissem de dentro da casa, e abri a porta. Estavam todas reunidas, rindo alto e falando besteiras. Deveriam ser 19h00. Entramos já perguntando o que estava acontecendo.

— A Júlia vai se vestir de homem amanhã! — Disse Mel, ainda rindo. — Lembra do jogo? Ela vai ter que cumprir!

Pelo jeito, as meninas sairiam amanhã. E eu iria junto, sem dúvidas, a não ser que fosse algo badalado demais. Então, levei as sacolas até o quarto e fui me sentar ao lado delas, junto de Cláudia, e ficamos por lá, conversando horas e horas...

Devia passar das onze horas quando estávamos terminando de conversar. O clima estava bem mais tranquilo do que hoje de manhã e todas conversavam sobre tudo, até que a fome bateu na maioria. Clarice preparou aquelas bolinhas de frango fritas, do tipo que vicia, e ficamos conversando e comendo até de madrugada! Só falávamos besteira, afinal, juntar 6 mulheres, lésbicas, pra conversar à vontade... É definitivamente sinal de muito sexo numa conversa só!

Para quem pode me ouvir sussurrar. 33

Havíamos comprado dezenas de sacolas de roupas e acessórios! A pequena estava um pouco menos zangada, e eu um pouco menos constrangida, às 18h00 quando voltávamos do ponto em que tínhamos descido. Mas antes que eu pudesse engatar numa caminhada mais apressada, graças ao peso das sacolas, Cláudia deixou as dela no chão e me puxou pelo braço, me beijando ardentemente em seguida. Carros passavam buzinando, enquanto nossas línguas dançavam num roçar delicioso, e nossos dentes hora ou outra se encontravam uns com os lábios da outra, fazendo o beijo durar um bom tempo. Quando finalmente nos afastamos, ela, ainda segurando meu braço com força, disse nervosa:

— Quer saber? Você é minha sim! Agora, é minha, e eu não quero saber se você quer um tempo pra ser uma pessoa melhor, vai ser melhor agora porque de hoje em diante você é minha, porra!

Eu estava realmente apavorada! Será que ela estava brincando comigo, se vingando, ou será que ela falava sério? Eu nunca fui do tipo que olha pelo lado negativo ou pelo lado improvável, então simplesmente olhei bem fundo nos olhos dela, tentando ter a mesma intensidade que Bianca tinha quando me olhava (porque ela dava medo), e sussurrei:

— Isso é uma ordem pra que eu seja sua...?

Ela me puxou para mais perto, quase colando nossos rostos, e sussurrou de volta:

— Sim. Minha.

— Sua... namorada?

Ficamos em silêncio. Era como se ela não tivesse percebido o que me mandava fazer. Eu ergui uma das sobrancelhas, e ela logo fez o mesmo. Eram poucas as garotas que eu conhecia que sabiam fazer isso, e eu sempre achei um charme. Talvez ela não percebesse, mas o que eu mais queria fosse que ela respondesse que sim... Porque eu sempre fui e sou uma viciada em relacionamentos longos.