domingo, 21 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.6

[...]Júlia me segurava pela mão o caminho todo. [...]

Chegando no bar, a música alternativa altíssima quase me ensurdecia! As garotas logo escolheram mesas e fizeram pedidos. Júlia não soltava da minha mão nem por um segundo. (Quem liga se ela é fresca?!) Quando, num momento em que todas conversavam, ela sussurrou ao pé de meu ouvido:

▬ Vem comigo?

Não entendi pra onde, mas logo ela levantou, me puxando pela mão e caminhando em direção ao que eu entendi ser um banheiro. A porta não tinha muita sinalização, e eu só consegui ver a bonequinha quando cheguei bem perto, mas aí já era tarde demais: Júlia, a loira, a boa, a que todo mundo sempre quis pegar, estava me levando com ela para dentro do banheiro. Mal havia fechado a porta, quando eu perguntei:

▬ O que é que você tá fazendo!?

Em resposta, a garota aproximou o corpo do meu, e me beijou. Um beijo de quem estava morrendo de vontade há muito tempo... E, enquanto me beijava, puxava a minha cintura com uma das mãos, enquanto segurava minha nuca com a outra. O beijo estava ficando cada vez mais forte, quando eu resolvi me entregar e segurá-la pela coxa esquerda, enroscando-a no meu quadril. O barulho era muito do lado de fora, e o calor que ela emitia era talvez dez vezes maior do que o da pista de dança...

De repente, ela interrompeu o beijo, isso quando eu já estava quase tirando a blusa dela. E ela me olhou nos olhos, de uma forma que eu nunca a vi olhando pra ninguém.

▬ Eu te amo...

Para quem pode me ouvir sussurrar.5

[...]▬ Fora desse lugar, eu dou um jeito em você... [...]

O que passou pela minha cabeça numa fração de segundo? “Dá um jeito, mas dá com tudo, me come, mas não faz isso agora não!”. Mas tudo o que a garota fez foi beijar o canto dos meus lábios... Sem deixar de me olhar. Seu olhar parecia ser capaz de perfurar paredes, de tão intenso, e a cor indefinida de seus olhos era hipnotizante... Era como se só ficassem realmente verdes quando ela quisesse, mas naquele instante estavam tão escuros que beiravam o azul marinho ou preto. E então, como se aquele momento fosse o mais simples que já tivesse lhe ocorrido, ela saiu andando para o Salão de Eventos, onde ocorreria a despedida das alunas... Comigo logo atrás.

O Salão estava simplesmente lotado! E o barulho era infernal, era como se todas falassem ao mesmo tempo sobre as mesmas coisas: futuro, carreira, família. Eu logo fui até o meu lugar e fiquei sentada até que a cerimonia começasse.

A maldita cerimonia durou DUAS HORAS!

E duas horas depois, lá estava eu, saindo daquele colégio, com meus 18 anos recém obtidos e a minha vontade de sair correndo daquele lugar. Foi quando as outras 9 garotas do meu dormitório vieram falar comigo. Além de Bianca, Júlia, Mel e Clarice, haviam as 5 que não se separavam: Sarah, Mariana, Thaís, Bruna e Rafaela. Eram todas basicamente iguais: notas baixas, comportamento regular, assuntos fúteis, eram quase Barbies. Eram boas, admito, e era interessantíssimo vê-las brigando com os travesseiros de noite. Pena que acabou...

▬Vamos pro primeiro bar que tiver no caminho, beber até cair no chão e ver dobrado?.
Convidou Júlia, me puxando pela mão antes de ouvir minha resposta. Como as malas das alunas eram despachadas para casa antes do último dia, tudo bem, nem ligo, vamos beber suco de limão. Por incrível que pareça, o bar mais próximo era realmente próximo, e chegamos lá dentro de uma hora, caminhando a pé. Júlia me segurava pela mão o caminho todo.