domingo, 28 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.10

[...]E eu imaginei completamente errado.[...]

▬ Quero prestar uma boa faculdade... E... Criar uma família.
▬ Ah, que lindo, amor! — Disse Mel ▬Vamos ter um filho, então?
▬ Não, Mel... — Falou Clarice, baixinho ▬ Uma... Uma família de verdade.

A mesa inteira ficou em silêncio. Era como se Clarice tivesse cravado o palito de dentes dos petiscos no olho de Mel. Aquilo, sinceramente, me quebrou o coração...

"Uma família de verdade". Nunca imaginei que Clarice fosse capaz de dizer aquilo, de sentir aquilo, de falar na frente das amigas algo tão cruel, tão mesquinho... Assim que Mel captou a mensagem, levantou-se e saiu andando, bolsa em mãos, deixando só um guardanapo com um número de telefone que tinha escrito para Bianca antes do jogo começar. Clarice, porém, como se quase inabalada, virou os olhos na minha direção e perguntou:

▬ Qual é o seu maior medo?

Medo... Medo nunca fora algo sobre o qual eu pensara. Eram detalhes que formavam um medo, eram sonhos, eram traumas... Eu era comum demais para ter um medo maior, um medo grandioso. Até que algo me veio em mente...

▬ Perder a memória... — Respondi, com um olhar perdido ▬ Esquecer quem eu sou, ou quem eu fui... Esquecer quem eu amei, quem me amou, esquecer o que eu estudei, esquecer o que eu acredito ou acreditei, esquecer quais foram meus penteados e quais eram minhas roupas há alguns anos atrás... Seria como nascer de novo. Só que, desta vez, eu não poderia aprender pouco a pouco... Seria aterrorizante.

Para quem pode me ouvir sussurrar.9

[...]▬ Er... Qual é seu trauma de infância?[...]

Todo mundo tem um trauma de infância, por menor que seja. Desde um susto muito grande até uma perda muito grave. Júlia fez careta de quem pensa pra responder, mas foi incrível como a sua resposta foi vaga...

▬ Quando meus pais resolveram me mandar pro colégio interno! Sei que eles fizeram isso porque acharam que era melhor, mas na época eu senti como se eles quisessem se livrar de mim...

E o silêncio pairou sobre nossa mesa. Poxa, que traumatizante. Tá bem, não é nenhuma experiência maravilhosa, mas acho que algumas pessoas na mesa deveriam ter traumas piores. Todas aceitaram a resposta, e Júlia então perguntou para Mel:

▬ Você já traiu a Clarice?

(NOSSA na cara da garota e ela pergunta isso 0.o)
Mel respondeu com calma:

▬ Não, nunca tive vontade.. Ela foi sempre tudo pra mim e eu nunca precisei de mais ninguém!!! Depois da linda resposta romântica, elas se beijaram, e tudo ficou lindo. Como Mel confiava na namorada, mal pensou em perguntar a mesma coisa, então mudou de rumo:

▬ Amor, o que você pretende fazer daqui pra frente?

Clarice engoliu seco. Parecia de ter medo de responder. Quando ouviu Júlia sussurrando "Não vale mentir..", seu rosto enrubesceu, e seus olhos fixaram diretamente o copo que ela segurava com as duas mãos, sobre a mesa. Eu já estava imaginando o que ela poderia responder... E eu imaginei completamente errado.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.8

[...]Realmente, meu pai tinha ligado...[...]

Meu pai era um senhor muito respeitável, e perfeitamente mente-aberta. Havia me ensinado coisas incríveis... Todo ano, em Setembro, quando a chuva ficava fazendo barulho nas janelas de casa, ele sentava na frente de uma e me contava alguma curiosidade. Muitas ele repetia conforme os anos passavam, e foram mudando de época depois que eu entrei no colégio interno, passando a ser contadas no calor de Dezembro. Eu sabia que Bia nunca teria dito aquilo a ele... Ele era muito sensível, mesmo passando a imagem de homem respeitado e temido, e já tinha mais de 70 anos. É como ele dizia... Os anos passaram rápido.

Sentadas à mesa do bar, eu e as garotas conversávamos, falando alto. As 5 inseparáveis se juntaram n'outra mesa, não por rivalidade nem nada do tipo, mas só porque não cabia todo mundo em uma mesa só. Ficamos, portando, 5 em cada mesa. Enquanto eu me sentava, Bia virava o rosto e passava uma impressão de desdém, enquanto Mel contava de alguma situação engraçada da qual ninguém riu, devido à falta de clima. Depois de alguns segundos de silêncio constrangedor, Clarice deu uma de suas idéias bizarras:

▬ Vamos jogar "dedos iguais"?

Júlia logo aceitou! (Ê prostivagaranhalinha do capeta) Mas eu e as outras garotas ficamos quietas. "Dedos Iguais" é tipo "dois ou um", só que quem tira o mesmo número não sai: se beija. Bia deu uma idéia melhor:

▬ Não... Vamos jogar "verdade ou desafio". Mas ele vai ter uma ordem: gira no sentido horário, depois no anti-horário. Por exemplo: Eu pergunto pra Jú, que tá do meu lado esquerdo, e assim vai. Quando chegar em mim de novo, muda de lado.

As garotas aceitaram, com uma condição: Uma rodada era de verdades, e a outra, de desafios...

(Quero ver no que isso vai dar...)

Bianca começou perguntando à Júlia, logo de cara:

▬ Er... Qual é seu trauma de infância?

Para quem pode me ouvir sussurrar.7

[...]▬ Eu te amo...[...]

(O QUE?!?!?! Me ama?!?!?! Agora, sim, tô num beco sem saída. Ela só pode estar bêbada. Mas ela nem bebeu! Só pode ser uma brincadeira. Tá, calma Gaby, respira fundo, pensa que ela é realmente boa, mas ela te ama, você não pode fazer nenhuma besteira, você não pode quebrar o coração dela, não pode!)

▬ Eu não.
Respondi. (EU RESPONDI ISSO? IMBECIL! Ela vai te afogar na privada, ela vai quebrar seus dedos um por um com os dentes dela, ela vai se suicidar na sua frente, ah!) Ela parou por alguns instantes, me olhando constrangida. Depois, como se quisesse concertar a situação, disse:
▬Não ligo... Pode me comer assim mesmo!

(Mano, que vagabunda. Se bem que eu tô na seca faz tempo... Aff, mas ela vai ficar no meu pé, tipo, pra sempre... Ah, mas já que insiste!)

Eu sorri ao que ela disse, e voltei a beijá-la. Porém, no instante em que eu estava novamente levando minha mão para dentro da blusa dela, ouço na porta:

▬ Gabriela, seu telefone tocou, era seu pai, ele mandou dizer que está orgulhoso de você ter terminado o colegial mas desligou na minha cara quando eu disse que te daria o recado depois que você terminasse de comer a Jú... Não sei por que!

Era Bianca. Ela parecia irônica nervosa. Júlia me olhou assustada, e eu estava realmente fodida se aquilo era verdade! Saí correndo do banheiro e fui olhar no meu celular. Realmente, meu pai tinha ligado...

domingo, 21 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.6

[...]Júlia me segurava pela mão o caminho todo. [...]

Chegando no bar, a música alternativa altíssima quase me ensurdecia! As garotas logo escolheram mesas e fizeram pedidos. Júlia não soltava da minha mão nem por um segundo. (Quem liga se ela é fresca?!) Quando, num momento em que todas conversavam, ela sussurrou ao pé de meu ouvido:

▬ Vem comigo?

Não entendi pra onde, mas logo ela levantou, me puxando pela mão e caminhando em direção ao que eu entendi ser um banheiro. A porta não tinha muita sinalização, e eu só consegui ver a bonequinha quando cheguei bem perto, mas aí já era tarde demais: Júlia, a loira, a boa, a que todo mundo sempre quis pegar, estava me levando com ela para dentro do banheiro. Mal havia fechado a porta, quando eu perguntei:

▬ O que é que você tá fazendo!?

Em resposta, a garota aproximou o corpo do meu, e me beijou. Um beijo de quem estava morrendo de vontade há muito tempo... E, enquanto me beijava, puxava a minha cintura com uma das mãos, enquanto segurava minha nuca com a outra. O beijo estava ficando cada vez mais forte, quando eu resolvi me entregar e segurá-la pela coxa esquerda, enroscando-a no meu quadril. O barulho era muito do lado de fora, e o calor que ela emitia era talvez dez vezes maior do que o da pista de dança...

De repente, ela interrompeu o beijo, isso quando eu já estava quase tirando a blusa dela. E ela me olhou nos olhos, de uma forma que eu nunca a vi olhando pra ninguém.

▬ Eu te amo...

Para quem pode me ouvir sussurrar.5

[...]▬ Fora desse lugar, eu dou um jeito em você... [...]

O que passou pela minha cabeça numa fração de segundo? “Dá um jeito, mas dá com tudo, me come, mas não faz isso agora não!”. Mas tudo o que a garota fez foi beijar o canto dos meus lábios... Sem deixar de me olhar. Seu olhar parecia ser capaz de perfurar paredes, de tão intenso, e a cor indefinida de seus olhos era hipnotizante... Era como se só ficassem realmente verdes quando ela quisesse, mas naquele instante estavam tão escuros que beiravam o azul marinho ou preto. E então, como se aquele momento fosse o mais simples que já tivesse lhe ocorrido, ela saiu andando para o Salão de Eventos, onde ocorreria a despedida das alunas... Comigo logo atrás.

O Salão estava simplesmente lotado! E o barulho era infernal, era como se todas falassem ao mesmo tempo sobre as mesmas coisas: futuro, carreira, família. Eu logo fui até o meu lugar e fiquei sentada até que a cerimonia começasse.

A maldita cerimonia durou DUAS HORAS!

E duas horas depois, lá estava eu, saindo daquele colégio, com meus 18 anos recém obtidos e a minha vontade de sair correndo daquele lugar. Foi quando as outras 9 garotas do meu dormitório vieram falar comigo. Além de Bianca, Júlia, Mel e Clarice, haviam as 5 que não se separavam: Sarah, Mariana, Thaís, Bruna e Rafaela. Eram todas basicamente iguais: notas baixas, comportamento regular, assuntos fúteis, eram quase Barbies. Eram boas, admito, e era interessantíssimo vê-las brigando com os travesseiros de noite. Pena que acabou...

▬Vamos pro primeiro bar que tiver no caminho, beber até cair no chão e ver dobrado?.
Convidou Júlia, me puxando pela mão antes de ouvir minha resposta. Como as malas das alunas eram despachadas para casa antes do último dia, tudo bem, nem ligo, vamos beber suco de limão. Por incrível que pareça, o bar mais próximo era realmente próximo, e chegamos lá dentro de uma hora, caminhando a pé. Júlia me segurava pela mão o caminho todo.

sábado, 20 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.5

O que passou pela minha cabeça numa fração de segundo? "Dá um jeito, mas dá con tudo, me come, mas não faça isso agora!". Mas tudo que a garota fez foi beijar o canto dos meus lábios...Sem deixar de me olhar. Seu olhar parecia capaz de perfurar paredes, de tão intenso e, a cor indefinida de seus olhos era de hipnotizar... Era como se eles ficassem realmente verdes quand oela quisesse. Mas naquele instante estavam tão escuros que beiravam o azul marinho ou preto. E então, como se aquele fosse

quinta-feira, 18 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.4

[...]Ah, problema dela se ela quer morrer virgem![...]

Enquanto Bianca se vestia, eu a observava. Ela era inatingível. Rezava a lenda que nenhuma garota tinha conseguido fazê-la se apaixonar, e pior, nunca ninguém a fez ter um orgasmo decente, perto dos orgasmos múltiplos que ela já havia causado nas poucas garotas com as quais se relacionou. A minha fama de demônio e a fama dela de deusa estavam bem no páreo, não fosse a grande popularidade positiva dela e, a minha grande falta de vida social plenamente ativa. Ela era realmente linda...Não tinha nada de exagerado no corpo e, não era aquela gostosa de parar o transito, mas era linda. O uniforme cor de sangue das roupas que tínhamos que usar, naquele dia só ficava bonito nela. Deve ser por causa do cabelo. Adorava o cabelo dela, era arrumadíssimo e, quase tão curto quanto de um garoto, mas ela levava um tempão pra deixar ele no lugar. Depois que estava arrumada, olhando-se no espelho, fez algo que anda fazendo muito ultimamente, olhou na minha direção e sorrio.

▬Bom dia Gab!
Falou com sua mania de internacionalizar todos os nomes. ▬Está bonita hoje!

Fiquei sem reação. Eu estava bonita? Eu tinha acabado de acordar! Meu cabelo deveria estar parecendo um ninho de sei lá que bicho faz um ninho tão estranho.E pior é que eu fui inventar de cortar ele curto também e agora ela não fica quieto, e você diz que eu to bonita?

▬Ah, obrigada...!
Respondi, num tom não muito tímido, como quem está acostumada a receber elogios.Tem que manter a pose .
▬Deve ser a lua...Ela deixa as pessoas mais bonitas quando é observada com calma.
Bianca acabara de me dar um tapa na cara com o que havia dito. É, ela me viu!! De alguma forma, mas ela sabia que eu estava lá...E não fez nada....Deixou que eu a observasse...Será que tem alguma coisa aí? Não sei bem, só sei que assim que terminou de falar ela veio andando em minha direção e, parou a um passo de distancia...E sorriu, olhando fundo nos meus olhos, levando o dedo indicador à própria boca, em sentido de segredo...E permaneceu ali. Até que todas saíssem do quarto, todas nos observando, todas cochichando, dez garotas falando ao mesmo tempo sobre aquela pseudo-ruiva parada na frente de uma garota cruel e chata, que não sabia o que fazer com o próprio cabelo cor-de-ébano. Depois que todas saíram...Ela simplesmente se aproximou do meu rosto e sussurrou:

▬Fora desse lugar eu dou um jeito em você....

Para quem pode me ouvir sussurrar.3

[...]isso me irrita, ela podia pintar o cabelo de preto, sei lá, ia ficar com menos cara de puta.[...]

Aquela menina ainda dormia...Ela tem nome sim, mas acho que vou esperar pra contar quando ela levantar...Enquanto eu a observava, via que ela tentava dormir um pouco mais, cobrindo o próprio rosto com o travesseiro, se encolhendo, soltando gemidos de raiva daqueles que dão vontade de gargalhar, se eu não estivesse tão preguiçosa, claro!
Quando ela finalmente se sentou à beira da cama, Júlia foi a primeira a reclamar:

▬Bota uma roupa Bia, antes que alguma professora entra aqui e te veja nessa estado!
▬Num to pelada!
Resmungou Bianca, bagunçando os cabelos avermelhados e escuros pra longe do rosto.
▬ E não tem nada aqui que você não tenha visto, gata.
Depois que disse isso, Bianca piscou ao olhar pra Júlia, que apenas ergueo uma sobrancelha e fez um sinal de desaprovação com a cabeça. Eu tinha certeza absoluta que elas duas já tinham alguma historia, Bia vivia dando indiretas desse tipo...

Mas se tinham duas garotas naquela escola que tinham uma historia, eram Mel e Clarisse. Dentro do dormitório, nem era mais novidade que elas dormissem juntas, mas eram incrivelmente discretas, e foram poucas vezes que deixaram escapar um gemido realmente perceptível. Hoje, tinham dormido separadas: uma grave discussão sobre o futuro que teriam fora daqui às fez chorar até dormir. Incrível, foi eu olhar na direção de Mel e ela estava se ajoelhando e pedindo desculpas à Clarice por alguma coisa segundos antes delas se beijarem. Essa escola parece um puteiro romântico! Só eu não pego ninguém nessa porra.
Minto! Já peguei uma garota, mas foi ano passado, e só porque ela pediu pra sair do colégio, chorando, traumatizada, as pessoas acham que eu sou a Cruella De Vil. Que culpa eu tenho se ela era uma santa e eu a anti-social,arrogante, mesquinha e tarada?
Ah, problema dela se ela quer morrer virgem!!

Para quem pode me ouvir sussurrar.

domingo, 14 de março de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar.2

[...] E pior é que, provavelmente, eu tenha pegado no sono de novo só as 4 e meia[...]

▬DESLIGA ESSE INFERNO GABRIELA!!

Ah, como é maravilhoso acordar ouvindo o canto dos passarinhos! Só que galinha não canta, e logo eu reconheci a voz daquela galinha desajustada que não sabe que não deve cantar. Mas ela estava certa: meu despertador era infernal, era colossalmente barulhento, era definitivamente o que há de mais irritante na face da Terra. Se a galinha tivesse me acordado com um soprinho na orelha e um beijo de bom dia, eu ia ficar bem menos irritada, mas não ia ter nenhuma vontade de sair da cama se ela estivesse comigo...

▬Tá tá..já to desligando... -Falei, com a voz baixa e rouca de quem não queria falar, enquanto desligava a musiquinha demoníaca do meu celular. ▬ E bom dia pra você também ! É muito bom te ver logo de manhã, tão bem humorada...

Júlia era, de longe, a garota mais fresca e irritada daquele colégio interno. Mas ouso dizer que era a mais gostosa também. É impossível que ela tenha conseguido ficar tão peituda naturalmente, tenho certeza de que colocou silicone nas férias de Natal, mas ficou realmente agradável de observar, ela sabe até onde pode ser boa sem ser exagerada. Porque toda garota mais gostosa do colégio precisa ser loira? Isso me irrita, ela podia pintar o cabelo de preto, sei lá, ia ficar com menos cara de puta.

Para quem pode me ouvir sussurrar.1

'Da cor do sangue, da cor do ébano'

Eram aproximadamente três horas da manhã quando eu perdi o sono. Para qualquer dia comum de semana, era um péssimo horário para estar acordada, especialmente se considerarmos que meu despertador deveria despertar as 6:00hrs. Com o calor daquela noite, a única coisa que pude fazer foi levantar silenciosamente da cama e caminhar por aquele dormitório, em busca de alguma janela entreaberta. Quando finalmente encontrei uma, ao lado da cama de uma colega de quarto, sentei-me à beira da mesma, a observar a lua. Eu a observava com o olhar sonolento, de quem só quer voltar pra cama, mas não consegue. E depois de poucos instante, deixei de observar o astro e repolsei os olhos na minha colega de quarto...Quer dormia tranquila...Ou era o que parecia. E enquanto a observava, eu enrrolava os dedos nos meus caxos castanhos, pensando se devia acordá-la ou não...Ela estava graciosíssima, enrrolada por entre os lençóis brancos e quase transparentes, o corpo um pouco bagunçado, jogado na cama de forma confortável. Seus cabelos negros refletiam um tom avermelhado à luz da lua, talvez devido a tintura que ela havia usado a pouco tempo para tingi-los. Por ser um dormitório exclusivamente feminino, a garota não se importava em dormir apenas com suas roupas íntimas, o que a deixava ainda mais interessante...Ah! Se alguém me visse sentada ali, logo comentaria pontos a mais de um conto que ainda não foi escrito. Ninguém pode saber dessas coisas, ninguém...

Voltei para minha cama. Não podia me deixar acordada, era meu último dia naquele lugar e eu tinha de estar perfeita. Antes de me deitar, fiz questão de ver se tudo estava organizado para o dia seguinte. Não, não estava. Mas quem disse que eu arrumei? Eu vou lá fazer barulho às três da manhã no último dia de aula? Não sou nenhuma idiota. E o pior é que, provavelmente, eu tenha pegado no sono de novo só às 4 e meia...