quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurar. 29

— Precisamos conversar. Cláudia, por favor, leva as gurias pra sala ou pra algum lugar, é um assunto sério.

Cláudia parecia totalmente perturbada com a atitude da amiga, mas ao ver que esta a olhava de forma constrangedora de se negar, aceitou. Quando finalmente estávamos sozinhas na cozinha, Bianca me fitou os olhos de forma aterrorizante, como se pudesse me matar só com o pensamento, e respirou fundo, numa expressão impaciente. E não soltava a minha mão por nada, mostrando em sua pele branca e perfeita a dor de se sentir corar, coisa que ela raramente deixava acontecer.

— Você não vai fugir. — Começou a pseudo-ruiva, sem quebrar o olhar entre nós duas. — Você não vai se levantar e sair andando, nem vai me dizer que não sabe do que eu estou falando, não dou a permissão pra que você faça isso!

Eu apenas acenei positivamente com a cabeça, com receio do que ela pudesse me falar.
(Fodeu, ela vai dizer que tá grávida o.õ)
Depois que aceitei todas as ordens da madame, ela respirou fundo mais uma vez e, pela primeira vez na história da nossa história, desviou o olhar de meus olhos...

— Sim... Você estava bêbada, mais do que o normal, você nunca bebe e resolveu aceitar a garrafa que eu te passei. Não importa o que eu sentia antes daquela noite, nunca te contei... Mas naquela noite, quando eu te disse aquilo e você sorriu eu pensei que você estivesse acordada! Eu pensei que você estivesse escutando!

Eu não era permitida de perguntar... Mas era irresistível:

— Bih, diz logo, o que aconteceu?

— EU DISSE QUE TE AMAVA, PORRA! — Bradou Bianca, levantando-se com força e deixando a cadeira cair. Eu pude ouvir, em seguida, os murmúrios vindos da sala, das garotas curiosas. — Eu disse e você sorriu e agora eu te vejo com outra garota, morando na mesma casa que eu, como se não tivesse acontecido nada, como se eu não fosse ninguém! Você não tem esse direito, você não é ninguém pra fazer isso, NINGUÉM!

Ela estava incrivelmente alterada. Não parecia a serena e bem-humorada Bianca do colegial. E eu estava pasma, olhando-a com ar surpreso, e sem saber o que dizer ou fazer... Minha boca estava aberta, mas dela não saía nenhum som, ou pelo menos nenhum audível... Eu não sabia o que fazer, não sabia!