segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 40

Os pais dela estavam assustadíssimos, mas assim que falaram com um médico (depois de bem uma hora), ficaram mais tranquilos e se sentaram. O médico veio em nossa direção em seguida, dizendo que Cláudia precisava descansar e que poderíamos vê-la em breve, e que o único dano mais grave era uma batida muito forte na cabeça que poderia causar problemas posteriores, então ele me pediu para prestar atenção. Já devia saber que ela morava comigo, especialmente porque, quando olhei para onde deviam estar os pais dela, já não havia mais ninguém. Fiquei surpresa, até que os vi saindo de um dos quartos, e pareciam mais tranquilos. Foram embora.

Enquanto o homem que a atropelara desculpava-se em meus ouvidos toda hora, eu estava mais nervosa. Assim que me levantei, senti um golpe de tranquilidade acertar meu estômago, e outro, de ansiedade, me puxar para dentro do quarto de Cláudia. Quando entrei, ela tinha um curativo pouco chamativo na testa, mas que não prejudicava sua beleza...

Sentei-me ao seu lado, sem conseguir falar. Tudo o que eu podia fazer era olhar em seus olhos, cansados, porém abertos. Ela abriu a mão perto de onde eu estava sentada, em sinal para que eu a segurasse, e eu o fiz, com certa fraqueza ainda dominando meu corpo. Tudo tinha acontecido tão rápido, que eu não conseguia pensar direito. Então toda a minha existência e tudo o que eu sentia naquele momento desabou quando eu ouvi ela sussurrar:

— Que bom que você veio... Estava pensando em você...

Sua voz era baixa, fraca... Mas ainda assim foi forte o suficiente para arrancar de mim uma lágrima e um soluço, enquanto eu me debruçava com cuidado e a abraçava, repousando minha cabeça contra seu peito. Podia ouvir seu coração... Estava batendo um pouco acelerado, e ela respirava mais rápido, mas logo percebi que não era por causa do acidente: ela me apertava contra si num abraço quente e reconfortante. E eu só conseguia soluçar de preocupação, de susto, de nervoso... De amor.

Respirávamos pesadamente... Eu podia sentir as mãos dela em minhas costas, e ela certamente sentia minhas lágrimas molhando sua blusinha branca. Meus olhos estavam fechados com força, e eu chorava sem conseguir parar, como se só agora eu tivesse percebido o que estava acontecendo, enquanto ela me apertava mais forte a cada soluço que eu dava. Quando eu finalmente consegui encontrar forças, sussurrei de volta com a voz ainda embargada:

— Eu fiquei tão preocupada, minha pequena... Fiquei com tanto medo.. — Então, apertei-a um pouco mais com as mãos, cerrando meus punhos em sua blusa, como se tivesse medo de lembrar — Meu amor...

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