quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 22

Segundo dia
"Afinal, será que amar é mesmo tudo?"

Seu despertador tocava insistentemente ao lado da cama, com aquele tipo de música que te faz acordar pensando numa aula de aeróbica. Quando abri os olhos, vi que estávamos abraçadas. Ou melhor: eu, encolhidíssima com o frio da noite, e ela com o corpo junto ao meu, me envolvendo com um dos braços e entrelaçada em minhas pernas. Era a primeira vez que eu não me sentia mal em estar sendo praticamente invadida em meu espaço pessoal por outra pessoa... Ela tinha uma forma aconchegante de me abraçar.

Foi abrindo os olhos devagarzinho, e quando me viu ao lado dela, pulou de susto, dizendo:

— CARALHO, HÁ QUANTO TEMPO ISSO TAH TOCANDO?!
— Calma, acabou de começar..— Respondi, me encolhendo debaixo do cobertor depois que ela deixou de me abraçar. — Vai pro trampo?

Ela já estava de pé, e se vestindo. Murmurou um "aham" enquanto colocava a camisa do uniforme, e sentou-se de novo na cama para vestir os sapatos. Eu apanhei o celular da garota e desliguei a música irritante.

— Valeu, estava me deixando tonta.
— Disponha..— E depois de dito isso, estava quase voltando a dormir quando senti ela deitando ao meu lado e tocando meu rosto. Quando abri meus olhos, ela sorriu, e me deu um selinho demorado...
— Não vai me desejar um bom dia?
Deixei escapar uma risada baixinha, sussurrando "Tenha um bom dia" enquanto a olhava, de forma carinhosa. Depois de pouco tempo, ela saiu, apressada. E eu fiquei deitada na cama... Tentando dormir, mas com uma idéia perigosa na cabeça.. A idéia de ter que conviver com mais 5 garotas que só pensam em amor e sexo.
Sabe, nunca fui perfeita e nunca quis magoar quem magoei ou deixar quem eu deixei. Era sempre tomada por impulsos, e eu sabia que então não seria diferente. Se três das garotas daquela casa queriam algo comigo, eu teria de dispensar no mínimo duas. Duas amigas... Duas pessoas que me conhecem bem, que sabem meus fracos e fortes... Duas das pessoas que sabem evitar minhas lágrimas ou provocá-las, e isso é valioso demais para ser perdido.

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