segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurar. 26

Enquanto eu estava ali, parada e pensando no dia que eu tive, ouvi Cláudia sussurrando quase inaudivelmente:

— Vem cá, deita comigo...

Ela parecia tão próxima de mim, em tão pouco tempo... Talvez eu tivesse enjoado das mesmas garotas de sempre, talvez ela fosse uma novidade deliciosa. Então, fui até a cama e me deitei ao lado dela, ambas debaixo de uma coberta só, e abraçadas como da última vez. Então, como se ela pudesse ler minha mente, ela disse, hesitante:

— Vai ter que tomar uma decisão sobre as meninas... Acho um pouco malvado da tua parte não dar nenhum veredito sobre com quem vai ficar.

(Gabriela, não seja impulsiva, não seja impulvisa, NÃO SEJA IMPULSIIIIVAAA, NÃÃ--)

— Você...

(Já foi.)

Eu sabia, sim, o que eu estava fazendo. Ela parecia a única que não pensava só em me comer e reclamar depois se estivesse bêbada, como as outras. Assim que eu disse aquilo, ela me olhou um pouco surpresa, mas sorriu. Acenou positivamente com a cabeça, enquanto eu continuei:

— Mas vamos com calma... Não é um namoro nem um compromisso, só quero que saiba que, das gurias daqui, eu gosto de você... Mas eu vou te dizer caso eu conheça outra pessoa e espero que você entenda, e quero que você faça o mesmo.

Ela acenou novamente com a cabeça, enquanto levava sua mão até a minha, entrelaçando nossos dedos. Aquilo fora precipitado, eu sei... Mas parecia ser o certo.

Antes que dormíssemos, e depois do que eu havia dito, Cláudia aproximou-se ainda mais, e foi virando seu corpo até debruçá-lo levemente sobre o meu. Era leve, e seu corpo parecia ter sido feito para estar junto ao meu naquele instante. E então, como se sua noite dependesse daquilo, como se nada mais importasse, ela encostou os lábios suavemente nos meus, sem realmente beijá-los com a paixão de um casal, apenas tocando-os numa espécie de selinho silencioso e carinhoso... Um toque que durou tempo o suficiente para me fazer perder o fôlego, enquanto eu levava minhas mãos ao seu rosto, acariciando-o de leve, devagar... Depois de um certo tempo que ficamos ali, nos beijando, ela me olhou nos olhos, sem dizer nada. E eu olhava cada detalhe de seu rosto... Lindo... Humanamente lindo.


Então, ela esgueirou-se para mais fundo nos lençóis e no fino cobertor, e repousou uma das mãos sobre meu ombro. A outra deitava ao lado de meu corpo, e seu rosto, juntamente com parte de seu corpo, descansada por cima do meu, confortável e nada incômodo. E quando olhei para ela, estava de olhos fechados... E sorrindo.

Então, sem poder me conter, sussurrei algo que estava em minha mente desde que nos beijamos na primeira vez...

— Você é um anjo...

Não ouvi resposta... Bem provavelmente ela já estivesse dormindo, afinal seu dia havia sido cansativo. O meu também... E foi assim que eu peguei no sono, com um anjo no meu colo...

{Fim do segundo dia.}

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