terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Para quem pode me ouvir sussurrar. 45

— A armação era muito frágil... Deve ter quebrado em algum momento.
— É, deve ser..— Retruquei, voltando para me sentar ao seu lado. Agora eu lançava à ela um olhar de reprovação, enquanto ela me olhava como quem diz "não é minha culpa". Incrível como era orgulhosa...

Sentei-me novamente ao seu leito, e olhei em seus olhos. Estavam cansados ainda, mas pareciam felizes, sinceros.

— Me ama mesmo? — Perguntei em tom de desafio. Ela riu baixinho e me olhou com malícia.
— Te amo mais se me trouxer algo pra comer.

Eu ri, e ri alto! Ela ria comigo, até que me puxou pela mão e me deu um selinho. Como aquilo me fazia sentir bem... Então me levantei, indo até a recepção e perguntando se ela já podia comer. Quando soube que sim, fui até a lanchonete do hospital: bem melhor do que dizem nos filmes, até tinha alguns bolinhos interessantes. Comprei um pra mim, e algo salgado pra ela, nada muito cheio de frescuras. Voltando para o quarto, e abrindo-o com o quadril... Vi que ela chorava.

Ela demorou para perceber minha presença, e só me olhou quando eu havia fechado a porta ruidosamente. De repente, apressou-se para enxugar as lágrimas e respirou fundo, como se tentasse disfarçar, mas quando percebeu que era tarde demais e me viu deixando as coisas ao lado de seu leito, deixou-se ser abraçada, enquanto eu a segurava com certa firmeza e a deixava chorar sem nenhum interrogatório desagradável. Aquilo me preocupava... O que será que tinha acontecido? Eu fui e voltei tão rápido, era impossível que algo ocorresse naquele meio tempo. Não demorou muito e ela se recuperou, decifrando meu olhar de dúvida e falando baixinho:

— Vou ter que passar um mês fora da cidade... Uma prima muito querida da família faleceu, ela era mais velha do que eu e cuidava de mim sempre...

Sua voz era triste e fraca, mas com certeza sincera. Ela ainda estava em meus braços, e eu beijei-lhe delicadamente a testa próximo ao curativo, fazendo cafuné em sua nuca. Decidi não perguntar se ela queria que eu fosse com ela: era algo muito familiar, e os pais dela nunca entenderiam o que uma garota estaria fazendo como acompanhante da filha deles. Cláudia havia parado de chorar, e então se desviara de meu abraço, sentando-se na cama. O silêncio inundava aquele quarto de hospital... Até que eu tomei fôlego e falei:

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