segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Para quem pode me ouvir sussurrar. 48

Ao me ouvir, Cláudia pareceu ter acabado de sair debaixo d'água, soltando o ar que havia deixado em seus pulmões enquanto eu falava. Ela sabia que era verdade, soube no momento em que ergui meus olhos e encontrei-os com os dela, com uma serenidade tímida, um medo de ser rejeitada, que só uma criança sentiria ao declarar um amor por um coleguinha de sala. E ela sorriu... Ah, quantas vezes eu poderia repetir como era hipnótico o seu sorriso...

— Não conhecia seu lado romântico... — Sussurrou.
— Esse não é meu lado romântico... É meu lado sincero. — Respondi, sorrindo. Estávamos próximas o suficiente para nos tocarmos, mas era como se estivéssemos impelidas uma da outra, talvez pela vontade de manter aquele olhar...

— Meu lado romântico qualquer pessoa pode conhecer... O sincero... só você... — Após dito, suspirei, sem deixar de sorrir de forma simpática. E não deixava de olhá-la... Será que existia alguém melhor do que ela pra mim? Alguém que me colocasse onde eu devo estar, que me dissesse o que eu preciso ouvir... E não o que eu quero, não onde eu quero. Alguém que me ensinasse a viver... Será que era ela?

— Bom... — Começou a morena — Como não posso sair daqui hoje, e você se dispôs a ficar comigo... Pergunta pro médico se você pode deitar comigo... Não quero perder o hábito, e quero aproveitar ao máximo meu último dia perto de ti...

Eu sorri de orelha a orelha. E logo, como se lesse nossa mente, o doutor entrou no quarto, perguntando como ela estava e se estava bem para partir amanhã. Depois do interrogatório, perguntando-lhe sobre o pedido de Cláudia. Ele nos olhou com certa censura, mas depois consentiu, entendendo que ela sabia estar fraca demais para se "divertir" durante a noite. Foi o doutor sair, e eu me enrosquei sutilmente entre os lençóis leves, abraçando-a. Aquele quarto era frio, e logo ela estava encolhida no meu colo... Deviam ser 18h00...

Sim, ela estava acordada... Acordada, eu sei, pois me beijava repetidamente o ombro esquerdo e o pescoço, de forma inocente, carinhosa... Hora ou outra entrelaçando os dedos em mechas de meu cabelo, num cafuné irresistível que ela fazia em minha nuca. Enquanto ela me beijava carinhosamente, eu fechava os olhos e sorria, acariciando seu braço com a ponta dos dedos, de vez em quando arranhando sua pele muito de leve com minhas unhas desnecessariamente e não-tão-exageradamente grandes. Era uma pele macia, daquelas que parecem ser de ceda... Uma pele invejável a qualquer garota.

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