sábado, 30 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 31

— Eu não preciso te amar loucamente pra estar do seu lado quando você precisar...
Ela me abraçava com muita força, soluçando de tanto chorar. E eu, agora, estava em silêncio. Doía demais saber que uma grande amiga fora desapontada daquela forma, e por mim, justamente por mim... Foi quando eu me afastei de leve e a olhei nos olhos, tocando seu rosto e enxugando suas lágrimas, ainda sem dizer nada. Depois disso, me levantei devagar e estendi minhas mãos para que ela se levantasse comigo. Ela segurou-as com firmeza e se levantou, voltando a me abraçar com força em seguida e soluçando em meus ombros, enquanto eu a apertava contra meu corpo, contendo meu choro para que ela não ficasse mais aflita. Quando finalmente pudemos nos olhar nos olhos como antes, eu sorri, compreensiva, com uma expressão que misturava carinho e pena. Ela sorriu de volta, e sussurrou:

— Eu vou ficar bem...

Então, ela tocou meu rosto, e acariciou-o com a ponta dos dedos. Era como se não houvesse mais ninguém ali... E depois que as garotas haviam virado as costas, depois que tudo parecia estar bem, Bianca sussurrou mais uma coisa:

— Eu só preciso fazer uma coisa, pra que você nunca se esqueça...

Dito isso... Ela aproximou seus lábios dos meus. E me beijou demoradamente, sem fazer barulho, sem nenhum roçar de línguas, sem nada que nos fizesse partir dali para algo mais. Um beijo simples... Onde eu podia sentir os lábios dela quentes, levemente úmidos, levemente doces graças a algum tipo de brilho labial, tocando os meus de forma demorada e uniforme, sem mudar, sem se mover, como num selinho, como se posássemos para uma foto... E eu não conseguia respirar. A atmosfera estava pesada, minha consciência estava pesada, meus olhos estavam fechados quase à força e eu tenho certeza de que aquilo deve ter durado, no máximo, 7 segundos...

Depois daquele beijo, ela simplesmente se virou e foi até o quarto. Enquanto isso, eu fui até a sala, de encontro com Cláudia, e murmurei "Vamos sair?". Ela logo apanhou as coisas dela no quarto, um tanto desanimada, e saímos, com os olhares das garotas nos perseguindo.

— Que barra...— Murmurou Cláudia, segurando na minha mão como se fosse eu a vítima. Então, quando já estávamos longe da casa e próximas a um ponto de ônibus, eu a olhei de frente e segurei suas mãos, falando com a expressão séria:

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