sábado, 30 de outubro de 2010

Para quem pode me ouvir sussurrar. 32

— Sei que não preciso dizer isso, mas vou porque confio em ti... Bianca me beijou depois de tudo aquilo. Não, ela... Ela não me beijou. — Cláudia parecia frustrada e confusa quando continuei: — Nos beijamos.

Nunca uma pessoa é beijada, simplesmente. Um beijo é feito de duas pessoas.

Cláudia abaixou o rosto. Parecia profundamente ferida. Foi quando eu toquei seu queixo, fazendo-a olhar pra mim, e disse:

— Mas quero que saiba que isso não muda a minha escolha... Que eu não a afastei do beijo porque senti que o momento pedia aquilo pra ela se acalmar... E que não vou deixar acontecer de novo.

A pequena morena ainda parecia ofendida demais para falar alguma coisa, até que finalmente quebrou o próprio silêncio, cruzando os braços e dizendo:

— Você não me deve nada! Nem estamos namorando, mesmo...

Ela estava certa, não estávamos... Mas ela se sentia traída, e eu me sentia uma traidora. Foi quando toquei um de seus ombros e sussurrei:

— Ainda não... Mas te prometo que vou me tornar alguém melhor, antes de ter você...

Ela parecia não ser afetada, mas eu falava sério. Ela merecia algo melhor do que alguém que não sabe dizer não. Mas, me surpreendendo, ela virou e me olhou nos olhos, como se entendesse a situação. E eu a puxei devagar pela mão, custando a fazê-la se aproximar. Quando finalmente consegui, beijei-lhe a testa, e sussurrei:

— Vou aprender a cuidar de você, anjo...
Após receber o beijo na testa, Cláudia ainda parecia insatisfeita. Então, toquei seu rosto, e sorri, naquela atitude que tantas pessoas acham ultra cafajeste mas que eu sempre fiz com sinceridade.

— Você fica linda nervosa..

— Não adianta tentar me agradar!— Retrucou a garota, me olhando impaciente. Eu continuei sorrindo, em sinal de que eu queria que aquilo passasse, e finalmente ela bufou alto e disse: — Tá bom, tá bom! Eu paro de frescura, não sou sua dona nem nada do tipo, mas você vai ter que me aguentar de mal humor!

— Logo você melhora, toda mulher adora fazer compras!— Respondi, abraçando-a com um dos braços enquanto via o ônibus chegar e sinalizava que parasse com o outro.

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